O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou de "tempestade em copo d’água" as reações contrárias à decisão do Senado de livrar Aécio Neves (PSDB-MG) do afastamento do mandato – imposto pela Primeira Turma do STF. O magistrado afirmou que o Senado teria de se manifestar de qualquer forma.
— Penso que é uma decisão absolutamente normal. Como se houvesse prisão, o Senado, nos termos da Constituição, teria de se manifestar sobre essa alternativa — disse Gilmar Mendes.
Ele ressaltou que o STF decidiu, na semana passada, que compete ao Senado ou à Câmara dar o aval ou rejeitar medidas cautelares que impossibilitem direta ou indiretamente o exercício do mandato parlamentar.
— Acho que a crise é uma tempestade em copo d’água. Eu estou vendo vocês na imprensa excitados com isso, ah, porque desautorizou o Supremo (...) A Constituição prevê isso — disse.
Por 44 votos a 26, o plenário do Senado rejeitou, na noite de terça-feira (17), o afastamento de Aécio Neves, que foi determinado no dia 26 de setembro.
Aécio foi denunciado em junho pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e embaraço a investigações, acusado de aceitar propina de R$ 2 milhões do Grupo J&F, repassada por um executivo do grupo a um primo do tucano e a um auxiliar parlamentar. Ele nega.
O tucano foi alvo da Operação Patmos em maio e chegou a ser afastado por decisão individual do ministro Edson Fachin, antes de a Primeira Turma do STF tomar a mesma decisão.