A nova prisão preventiva de Geddel Vieira Lima, nesta sexta-feira (8), coloca atrás das grades mais um dos homens de confiança do presidente Michel Temer – outros dois peemedebistas de peso já estão na cadeia: Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha.
Com isso, a Lava-Jato está cada vez mais perto do coração do PMDB. A seguir, veja quem são os três homens de confiança de Temer que estão presos:
– Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
A ascensão de Temer à Presidência também representou o apogeu de Geddel em Brasília – que, antes disso, foi deputado federal cinco vezes consecutivas pelo PMDB da Bahia, ministro da Integração Nacional do governo Lula e vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal no governo Dilma Rousseff.
Expoente do seleto grupo do PMDB que desde os anos 1990 detém da confiança do presidente, o político passou a integrar o núcleo duro do governo Temer e foi alçado a ministro da Secretaria de Governo. Estava acostumado a participar de campanhas pró-Temer, com quem dividiu bancada do partido na Câmara desde a década de 1990.
O auge, no entanto, durou pouco. Seis meses depois de alçado ao cargo, foi demitido quando vieram a público denúncias de corrupção feitas por outro ministro, Marcelo Calero, que à época era titular da Cultura.
Desde 3 de julho, está preso preventivamente por suspeita de tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa. Geddel cumpria prisão domiciliar quando, na manhã desta sexta-feira (8), deparou com agentes da Polícia Federal (PF) dando seguimento à Operação Cui Bono, um desdobramento da Lava-Jato conduzido pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal.
– Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Preso em operação da PF que investiga o desvio de recursos na construção da Arena das Dunas, em Natal (RN), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves é um dos políticos mais experientes do país. Com 11 mandatos consecutivos, o peemedebista foi eleito deputado federal em 1971, pelo então MDB, e permaneceu na Casa até 2015 – após perder a disputa ao governo do Rio Grande do Norte para Robinson Faria (PSD).
Henrique Alves era um dos principais aliados de Temer e apontado como o homem mais próximo do presidente no grupo de fiéis escudeiros – daqueles de passar feriadão junto.
Graças a essa aliança, o ex-deputado recebeu a chefia do Ministério do Turismo, em abril de 2015, com aprovação da então presidente Dilma. Henrique Alves seguiu no cargo por pouco mais de 11 meses, quando deixou o Planalto em meio ao desembarque do PMDB do governo e à votação da admissibilidade do impeachment da petista na Câmara.
O afastamento de Dilma pelo Senado, em maio de 2016, fez com que Henrique Alves retornasse ao Turismo. No entanto, o político ficou na função por menos de 40 dias, quando se tornou alvo da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Henrique Alves teria recebido R$ 1,55 milhão em propina, entre 2008 e 2014, por meio da subsidiária da Petrobras. Ele foi preso no dia 6 de junho, em decorrência das operações Manus e Sepsis.
– Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
A relação de Cunha e Temer sempre foi controversa. Aliados quando os interesses de ambos eram os mesmos – como no impeachment de Dilma –, mas frágil em outros momento, quando, por exemplo, o ex-deputado falava mais do que devia ou não apoiava publicamente a chapa Dilma-Temer.
Eduardo Cunha exerceu o cargo de deputado federal entre fevereiro de 2003 e setembro de 2016, quando teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara. Na época que começou a ter o nome envolvido em desvios e fraudes no Fundo de Investimentos do FGTS da Caixa, era presidente dessa Casa. Renunciou ao cargo em julho de 2016.
Ele está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, desde outubro de 2016, por ordem do juiz federal Sergio Moro, que o condenou na Operação Lava-Jato a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O ex-presidente da Câmara também é alvo da Operação Cui Bono. A investigação aponta ligação do ex-deputado em operações fraudulentas de financiamentos milionários com recursos do FI-FGTS a grandes grupos empresariais. Em julho, quando foi levado para a Superintendência da PF em Curitiba para prestar depoimento, se calou.
Na polêmica gravação de diálogo entre Temer e Joesley Batista, dono da JBS, divulgada em maio deste ano, o presidente ouviu o empresário dizer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador de propinas Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer diz:
– Tem que manter isso, viu?
Diante de fatos como esse, no dia 1º de setembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou pedido para que Cunha fosse beneficiado com prisão domiciliar – o contrário do que aconteceu com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. Para o procurador, a situação é diferente, porque Cunha era "um dos mais importantes atores da organização criminosa composta por integrantes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) instalada na CÂmara dos Deputados", enquanto Rocha Loures era "um intermediário do líder da organização criminosa". Janot, no entanto, não especificou quem é o líder.