Em um dos trechos da gravação entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), os executivos da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud conversam sobre quais autoridades deveriam ser gravadas para compor o acordo de delação premiada que negociavam com o Ministério Público Federal (MPF).
Na divisão, segundo a revista Veja, que obteve acesso a parte dos áudios, Saud teria ficado responsável por gravar o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, enquanto a Joesley caberia registrar conversas com o presidente Michel Temer – o que efetivamente foi feito.
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No áudio, eles mencionam, ainda, o nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
– Vamos pegar o Aécio também. Ele vai ficar chateado – diz Saud.
Joesley concorda, mass menciona que Aécio é um político de importância menor diante de alvos como Temer:
– Ele ficou pequenininho… (risos). Não, nós vamos (gravar Aécio), só porque ele é bandidão mesmo. Você sabe que esse aqui, os outros vai ficar pequenininho, pequenas causas, não vai precisar.
Na delação, Joesley se declarou como "o maior doador de Aécio Neves" e afirmou que doou recursos via caixa 2 para a campanha do tucano. Ele revelou ainda que, mesmo depois da campanha, vendeu um imóvel superfaturado por R$ 17 milhões a uma pessoa indicada por Aécio.
O dono da JBS relatou ainda que, em 2016, o senador pediu R$ 5 milhões extras, mas Joesley disse não ter dado o dinheiro.
Os áudios
Alvo de controvérsias desde que foi firmado, o acordo de delação premiada dos proprietários e executivos do grupo J&F, que mantém o controle da JBS, será revisado. O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (4), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo ele, há indícios de que os colaboradores omitiram crimes que envolveriam integrantes da PGR e do Supremo Tribunal Federal. Se comprovadas as irregularidades, o acordo poderá ser rescindido, mas isso não anula, segundo Janot, as provas já obtidas na investigação.