Eram 14h05min deste domingo quando o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud cruzaram os portões da sede da Polícia Federal (PF), em São Paulo. Principais delatores da JBS, eles se apresentaram à PF em cumprimento ao mandado de prisão despachado de manhã pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.
O pedido de prisão havia sido encaminhado ao STF na noite de sexta-feira. Na petição, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também pediu a prisão do ex-procurador da República Marcelo Miller. Fachin determinou prisão temporária, válida por cinco dias, de Saud e Joesley, mas negou o pedido em relação a Miller. O ministro também suspendeu temporariamente o acordo de delação premiada assinado com a JBS.
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Desde o início da manhã, a expectativa era de que Joesley e Saud se entregassem à PF em Brasília. O advogado de defesa dos dois delatores havia entregado os passaportes de ambos ao Ministério Público Federal e esperava autorização para que eles pudessem embarcar rumo à Capital Federal.
Como não houve manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) nem do STF, eles acabaram se entregando em São Paulo e deverão ser levados a Brasília nesta segunda-feira em uma aeronave da PF. Joesley estava na casa do pai, no Jardim Europa, Zona Sul de São Paulo, de onde saiu por volta das 13h45min. Já Saud deixou seu apartamento no Morumbi, também na Zona Sul, quase na mesma hora.
A prisão de Saud e Joesley é a maior reviravolta já ocorrida nas 159 delações homologadas pelo STF na Operação Lava-Jato. Eles haviam garantido imunidade junto a PGR após apresentar provas contra o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e dezenas de políticos.
Na segunda-feira, contudo, Janot convocou entrevista coletiva para anunciar que estava revisando os termos do acordo a partir da descoberta de que os delatores poderiam estar omitindo provas. Há também a suspeita de que eles tenham contado com a colaboração de Miller na confecção dos termos do acordo, inclusive com suporte para que gravassem altas autoridades da República.
Parte dessa operação foi narrada pelos próprios Joesley e Saud, em gravação feita por descuido e entregue à PGR. Ao escutir a conversa, Janot enviou petição a Fachin pedindo a revisão do acordo de colaboração e pediu para interrogar novamente Miller e os delatores da JBS. Eles foram ouvidos na quinta e sexta-feira, mesmo dia em que o procurador requereu a prisão dos três.