O Congresso Nacional instalou, na tarde desta terça-feira (5), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) da JBS, que vai investigar, entre outros assuntos, o acordo de delação entre os executivos da empresa de frigoríficos, os irmãos Batista e o Ministério Público Federal (MPF).
O primeiro ato da CPI foi eleger os senadores Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Ronaldo Caiada (DEM-GO) como presidente e vice-presidente da comissão, respectivamente. Em seu primeiro discurso, Ataídes rechaçou qualquer questionamento sobre a CPI ter como objetivo retaliar autoridades do Judiciário.
– Chegaram a dizer que esta CPI tinha como objetivo retaliar as nossas autoridades, especialmente as da Lava-Jato. Como criador dessa CPI, não admito que alguém diga que tenha o cunho de retaliar nossas autoridades. O princípio que levou à criação dessa CPI é o mesmo que moveu a Lava-Jato, ou seja, a luta contra a impunidade e a favor da transparência – rebateu.
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Apesar disso, o presidente da CPI aproveitou para destacar a necessidade de averiguar o "polêmico" acordo de delação estabelecido entre os executivos da JBS e MPF, por meio do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
– Tirar a limpo o roubo de bilhões por parte de bandidos confessos é uma questão de interesse nacional. O polêmico acordo de delação premiada que garantiu liberdade e vida boa aos delatores precisa ser bem explicado, até mesmo para esclarecer dúvidas que agora vem à tona sobre a atuação do MPF – acrescentou.
Ataídes lembrou ainda que a CPI também terá o objetivo de investigar a aquisição de parte da JBS pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) durante os governos petistas.
– Por meio dessa CPI, podemos esclarecer esse nefasto jogo em que o BNDES foi usado para criar os campeões nacionais, contribuindo para jogar o Brasil inteiro na banca rota – mencionou.
O senador tucano recuou quanto ao anúncio de quem deve ser o relator da CPI, o que é praxe após a instalação de uma comissão. A expectativa é de que o deputado Carlos Marun (foto acima), do PMDB-RS, seja o escolhido por influência do Planalto. Marun é um dos principais nomes da tropa de choque de Michel Temer, mas não está presente no Congresso porque acompanha o presidente em comitiva internacional.