"Continuo a apoiar a proposta de leniência ao PT." Assim o ex-ministro Antonio Palocci revela uma discussão interna do PT para que o partido buscasse um acordo de leniência — espécie de delação premiada para pessoas jurídicas — na Operação Lava-Jato.
Absolvido nesta terça-feira (26) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), pela segunda vez, dos processos da Lava-Jato, o ex-tesoureiro João Vaccari Neto é citado por Palocci na "carta ao PT" como autor da proposta de leniência do partido levada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Há alguns meses decidi colaborar com a Justiça", afirma Palocci, que virou réu confesso da Lava-Jato no dia 6 de setembro, quando incriminou Lula em depoimento ao juiz federal Sergio Moro.
"Há pouco mais de um ano tive oportunidade de expressar essa opinião de uma maneira informal a Lula e Rui Falcão, então presidente do PT que, naquela oportunidade, transmitia uma proposta apresentada por João Vaccari, para que o PT buscasse um processo de leniência na Lava-Jato", escreveu Palocci na carta enviada ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.
Preso há um ano, Palocci redigiu a carta de quatro páginas ao partido, depois de ser alvo de suspensão em decorrência de suas revelações de crimes na Lava-Jato.
O ex-ministro pediu a desfiliação do partido e voltou a confirmar pedido de propinas feito por Lula, em negócios da Petrobras, para construção de sondas de exploração marítima de petróleo para os campos do pré-sal.
O PT é apontado como principal partido do esquema de indicações políticas na Petrobras, alvo da Lava-Jato, que contava ainda com PMDB e PP.