O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), usou as redes sociais para criticar o programa partidário da sigla que foi ao ar em cadeia nacional de rádio e TV nesta quinta-feira (17). Segundo o tucano, a peça institucional "é um monumento à inépcia publicitária, e a expressão de uma confusão política digna de figurar numa antologia do gênero". O tom do discurso de Aloysio demonstra que o político não tinha conhecimento sobre o teor do vídeo:
"Eu diria aos que conceberam e aprovaram essa mensagem: alto lá! Os governos tucanos que apoiei ou dos quais participei não se reconhecem nessa caricatura", escreveu em sua página oficial no Facebook.
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Conforme Aloysio Nunes, o PT deve "estar dando gargalhadas diante desse enorme tiro que a direção interina do PSDB desferiu no nosso próprio pé". No vídeo criticado pelo ministro tucano, o partido defende a adoção do parlamentarismo como regime político no país.
"Pergunto aos marqueteiros: o apoio do PSDB ao governo Temer, os cargos que ocupamos, foram negociados por baixo do pano, por fisiologismo ou apego aos cifrões que aparecem nos olhos dos bonequinhos em que o programa representa os políticos?", questiona.
A peça publicitária, idealizada pelo senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino da sigla, deixa mais evidente o racha interno na legenda. O parlamentar é um dos tucanos que defende a saída do PSDB do governo, que comanda quatro pastas na gestão de Temer.
No vídeo, o PSDB critica o governo de Michel Temer indiretamente e faz uma autocrítica por ter "aceitado o fisiologismo". O tom da propaganda partidária é de mea-culpa, com discurso de que o partido acertou bastante, mas admite que errou:
"O PSDB sabe que é hora de assumir os seus erros. Acabamos aceitando como natural o fisiologismo, que é a troca de favores individuais e vantagens pessoais em detrimento da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro", diz um trecho do discurso.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, também criticou o programa do seu partido. Depois de avisar "desconhecer" que o conjunto do partido tenha sido consultado sobre o que foi ao ar, atacou indiretamente o presidente em exercício do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que idealizou a peça publicitária.
– A linha adotada no programa partidário ofende fortemente o PSDB, colocando o partido numa posição extremamente ruim e desconfortável, como se fosse o culpado por todos os problemas, inclusive aqueles criados por governos do PT, dos quais foi oposição – declarou Imbassahy, em nota.
Ele acrescentou que o programa "apresenta colocações rasas, genéricas, e não teve a coragem de apontar os culpados pelos vícios e mazelas que o programa condenou". O episódio deixa em situação desconfortável os tucanos que estão no governo, particularmente o Secretário de Governo, que ocupa um gabinete do Planalto.
O partido votou dividido no pedido de abertura de investigação contra o presidente Temer. O presidente, no entanto, não pretende fazer qualquer tipo de retaliação aos tucanos porque entende que eles, por serem favoráveis às reformas do governo, poderão ajudar na aprovação das medidas que o Planalto quer ainda encaminhar nos próximos meses.