O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) confirmou nesta quarta-feira (23) a condenação de primeira instância do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), acusado dos crimes de lavagem de dinheiro e peculato, no esquema conhecido como mensalão mineiro.
O julgamento foi concluído por volta de 0h30min desta quarta. Dois desembargadores votaram pela manutenção da decisão de primeiro grau e um, contra. A pena da sentença proferida em dezembro de 2015 foi reduzida de 20 anos e 10 meses de prisão para 20 anos e um mês. O tucano vai recorrer em liberdade.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o ex-presidente do PSDB participou de desvios de dinheiro de estatais para abastecer sua campanha à reeleição ao governo em 1998 – ele perdeu a disputa para Itamar Franco.
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Na sustentação oral, o procurador Antonio de Pádua Marques Júnior afirmou que Azeredo "tinha toda a compreensão do que estava se passando".
O procurador afirmou ainda ter ficado provado que o tucano se reuniu com o empresário Marcos Valério, acusado de repassar por meio de suas empresas de publicidade recursos para a campanha de Azeredo.
– Há ainda 72 ligações (telefônicas) entre Marcos Valério e Azeredo – afirmou.
O advogado do tucano, Castellar Modesto Guimarães, também em sustentação, afirmou que as ligações telefônicas "surgiram muito tempo depois" e que o MPE desprezou provas importantes no processo que poderiam afastar o tucano de envolvimento no esquema.
– Azeredo vive um martírio sem explicação – disse. – Vamos aguardar a publicação da decisão para avaliarmos os recursos a serem impetrados. Esperamos a reforma da sentença.
Na denúncia contra Azeredo, de 2007, o MPE afirmou que o tucano, como governador, participou do desvio de R$ 3,5 milhões de estatais como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para sua campanha. Os recursos foram repassados pelas empresas de publicidade de Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão pela participação no mensalão federal, que veio à tona no governo Lula.
Em fevereiro de 2014, já réu no mensalão mineiro, o tucano, que à época era deputado, renunciou ao cargo, o que fez com que o processo fosse enviado à primeira instância, em Minas.