Diante dos indicativos de que o parecer de Sergio Zveiter – relator da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara – será pela admissibilidade do processo por crime de corrupção passiva, o Palácio do Planalto articulou, com líderes da base aliada, a elaboração de um parecer paralelo para contrapor à peça.
O objetivo dos governistas é acelerar a votação e finalizar a análise do caso na CCJ até quinta-feira (13). Para isso, o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), negocia que apenas 15 parlamentares da base aliada discursem.
– Zveiter é do mundo jurídico. É exatamente por isso que deve apresentar um relatório, acima de tudo, com responsabilidade, e isso seria um relatório pela rejeição da denúncia, independente das pressões externas – disse Moura.
Leia mais:
AO VIVO: acompanhe a leitura do relatório da denúncia contra Temer na CCJ
Tucanos se reúnem em SP para definir desembarque do governo Temer
Artistas lançam site para pressionar deputados a votarem a favor de denúncia contra Michel Temer
Caso o texto de Zveiter seja rejeitado pela maioria do plenário do colegiado (34 dos 66 deputados), a proposta de Lelo iria a votação e também precisaria da maioria simples para ser aprovada.
Independentemente do resultado do parecer, a denúncia terá de ser votada no plenário da Casa, onde precisará de 342 votos para ser enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). O resultado na CCJ, no entanto, tem forte peso político e servirá de termômetro para o Palácio do Planalto.
"Estamos escalando a seleção para essa partida"
Após manobras para garantir votos na CCJ, o vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), defendeu as trocas de membros no colegiado e disse que a manobra era "correta". Para Marun, é natural que os partidos aliados queiram colocar na CCJ representantes alinhados com o governo.
– Estamos escalando a seleção para essa partida – comparou Marun.
O peemedebista foi um dos governistas a fazer questão de recepcionar o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira na chegada à CCJ na tarde desta segunda-feira. Mariz disse estar "muito confiante" e foi abraçado por governistas que diziam "estamos juntos".
Marun – que foi incluído nesta segunda-feira como titular na CCJ – disse que quem precisa colocar voto no plenário é a oposição. Em sua avaliação, os oposicionistas querem protelar a votação para "atrapalhar" o país.
– Vocês já viram culpado querendo rapidez? O presidente Michel Temer é inocente e quer rapidez – declarou.
Nas últimas horas, a mais recente mudança na CCJ foi na representação da bancada do PSD. Evandro Roman (PSD-PR) substituiu Expedito Netto (PSD-RO) como titular.
Marun defendeu que não haja recesso enquanto o assunto não for liquidado na Câmara.
– Só falta alguém achar que podemos sair de férias deixando sobre a mesa uma questão tão importante como essa – comentou.