Preso pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (3), suspeito de tentar evitar a delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é figura recorrente nas investigações decorrentes da Operação Lava-Jato.
Em entrevista à revista Época, publicada em 16 de junho, Joesley Batista, da JBS, disse que era procurado por Geddel regularmente:
"De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois (Cunha e Funaro)."
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"Eu informava o presidente (Michel Temer) por meio do Geddel. E ele sabia que eu estava pagando o Lúcio (Funaro) e o Eduardo (Cunha). Quando o Geddel caiu, deixei de ter interlocução com o Planalto por um tempo. Até por precaução", disse Joesley, referindo-se à saída de Geddel da Secretaria de Governo, em novembro de 2016.
Em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Lava-Jato, o ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho relatou a relação de proximidade com Geddel:
"Geddel é um chorão. Em época de campanha, ele reclamava: não é possível que você não possa fazer nenhum esforço. Eu dizia: sr. Geddel, você participa da reunião, vai lá e fala com o presidente da empresa."
Outro delator da Odebrecht, João Pacífico, declarou que Geddel recebeu R$ 3,6 milhões por supostamente ter ajudado em um contrato da empresa, em Salvador:
"Os recursos eram programados. O Geddel tinha codinome de Babel, mas os pagamentos, as programações, eram passadas para o próprio Cláudio (Melo Filho) com informação de valor e senha. Esses valores, excepcionalmente, eram retirados lá em Salvador através do departamento de operações estruturadas (setor da empreiteira específico para pagamento de propinas)."