Em meio à crise política e na expectativa de ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer decidiu que não vai perder a oportunidade de mostrar "que o país não pode parar" e vai viajar para Rússia e para a Noruega na semana que vem.
O "escav" (escalão avançado), que é a equipe precursora da viagem, decolou na terça-feira (13) do Brasil por volta do meio dia. A decisão não foi unânime no Palácio do Planalto, pois alguns interlocutores do presidente salientavam que havia "um risco político alto" de o presidente deixar o país com a possibilidade da denúncia e também de novos desdobramentos das investigações, como uma eventual prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que já colocou o Palácio do Planalto em alerta.
Na terça-feira, o ex-ministro colocou o passaporte, os sigilos bancário e fiscal à disposição do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar evitar uma possível detenção. De acordo com interlocutores do presidente, o "roteiro" lembra o do ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures, que foi preso em um sábado.
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Apesar dos argumentos contrários à ida de Temer para o Exterior, a ala "vencedora" alega que é fundamental que o presidente mostre que está trabalhando, independente da crise, e que, além disso, a eventual apresentação de denúncia contra ele não representará de imediato a sua aceitação pelo STF.
Auxiliares que defendem a ida do presidente lembram que a semana que vem estará parada no Congresso por conta das Festas de São João, quando diversos parlamentares voltam às suas bases eleitorais. Por isso, por mais que a intenção do governo seja acelerar para "tirar da frente" mais uma crise com a eventual denúncia, não haveria o que ser feito em uma semana sem quórum no Congresso.
Viagens
Antes de passar a ser investigado pelo Supremo por conta da delação premiada de Joesley Batista, Temer havia dito que a prioridade do segundo ano de mandato era justamente investir em uma agenda externa. A previsão é que Temer deixe Brasília no dia 19, pela manhã, e cumpra agenda na Rússia até o dia 21. No dia seguinte, vai à Noruega e retorna para o Brasil no dia 23.
Nos compromissos já programados para o presidente brasileiro estão agendas bilaterais e reunião com empresários nos dois países. Há ainda a possibilidade de um almoço com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tem sido alvo de protestos no país.
Segundo fontes do Planalto, nas duas viagens, Temer vai assinar acordos com o objetivo de trazer investimento e ajudar a retomada da economia. A concessão da Ferrovia Norte-Sul deverá ser oferecida por Temer durante a viagem que fará à Rússia e à Noruega. Os russos já demonstraram interesse em operar as ferrovias.