O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defendeu a decisão da corte eleitoral que absolveu, na última sexta-feira (9), a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (12), Mendes afirmou que o caso julgado pelo TSE, que manteve o peemedebista na presidência da República, poderia lançar o país em "quadro de incógnita".
– Nós decidimos bem ao não envolver a Justiça num processo de natureza estritamente política. [...] Queriam que o tribunal decidisse essa questão política, lançando o país em um quadro de incógnita – comentou ao jornal paulista.
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Na entrevista, o ministro ainda afirmou que a função dos juízes é "muitas vezes decidir de forma contramajoritária e desagradar tanto a chamada 'vox populi' quanto a voz da mídia".
– Caso contrário, seria melhor extinguir a Justiça. E criar um sistema "Big Brother" para ouvir o povo e setores da imprensa – avaliou.
Mendes também mencionou que as críticas de que teria "lado" político são "lenda urbana". E apontou que tem relacionamento com todos os partidos.
– Dialoguei muito, e tranquilamente, com o então presidente Lula. A despeito das diferenças, tínhamos até uma relação de frequência, de amizade. Dizem "ah, esteve cinco ou seis vezes com o Temer". Eu recebi outro dia o pessoal do PC do B. E perguntei "como vai o nosso partido"? Eu sou um comensal do PC do B, toda hora me reúno com eles – relatou.
No julgamento da última sexta-feira (9), coube ao presidente do TSE desempatar o placar na corte e garantir Temer na Presidência e a elegibilidade de Dilma. Em seu discurso, a favor da "estabilidade institucional", Mendes argumentou que "não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira".