O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima colocou o passaporte e outros documentos, além da quebra do sigilo fiscal e bancário, à disposição das autoridades. O documento foi protocolado na segunda-feira (12), dias depois de o ex-ministro ter sido intimado a depor como testemunha no inquérito que tem como investigados o presidente Michel Temer e o ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures, no Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa de Geddel divulgou nota na terça-feira (13) na qual afirma ter sido dela a iniciativa de colocar os documentos à disposição da Justiça "para fins da devida transparência de ser restabelecida a verdade quanto a si".
"Trata-se de uma iniciativa procedimental de quem não tem nada a esconder", diz o texto.
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Segundo a nota, não houve qualquer solicitação das autoridades neste sentido.
"Colocou à disposição e fará a entrega se assim for determinado, mas nenhuma requisição por juízo algum nesse sentido existe".
A proatividade de Geddel acontece no momento em que cresce no Palácio do Planalto a impressão de que o ex-ministro será o próximo alvo do que assessores palacianos chamam de "ataques" da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República para desestabilizar o presidente.
Amigo de Temer há mais de 30 anos, Geddel foi citado em delações de executivos da Odebrecht, como recebedor de recursos "por fora", e da JBS, como o antecessor de Rocha Loures na interlocução entre a empresa e o governo. Ele nega.
Geddel deixou o governo em novembro acusado de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para atender a interesses próprios na liberação de um edifício em Salvador. O ex-ministro não quis falar com a reportagem na terça-feira.