O ex-governador Tarso Genro prestou depoimento ao juiz Sergio Moro em processo resultante da Operação Lava-Jato. O petista foi arrolado como testemunha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é um dos réus na ação, acusado de receber propina da construtora Odebrecht. As informações são da Rádio Gaúcha.
Leia mais:
STF nega pedido de liberdade de irmã de Aécio Neves
Moro condena Cabral a 14 anos e dois meses de prisão
Suposto operador de Cunha contrata especialista em delação
Conforme o Ministério Público Federal, parte desse valor teria sido usada para o imóvel que abriga o Instituto Lula.
O depoimento de Tarso durou cerca de 20 minutos e foi realizado por meio de videoconferência, de Porto Alegre. Na maior parte do tempo, o petista respondeu a perguntas do advogado de Lula, Cristiano Zanin.
O ex-governador falou sobre a sua relação com os partidos quando fazia parte do governo Lula e de como trabalhava com a Polícia Federal na época em que foi ministro da Justiça. Aos ser questionado pela procuradora da República Isabel Cristina Groba Vieira se sabia do recebimento de caixa 2 pelos partidos, disse que sim.
– Todos os partidos na história do país, na história republicana e democrática do país, receberam doações não contabilizadas. A forma como essas doações são feitas, se ela tem uma origem criminosa ou não, é outra questão. Se ela tem origem criminosa, é um delito previsto no Código Penal, através de um sistema de corrupção que envolva órgãos públicos. Se não, é crime eleitoral – afirmou.
Perguntado se o PT recebeu doações não contabilizadas, Tarso disse que não poderia falar sobre um “partido em particular, mas sei que é um sistema originário dessa legislação distorcida que realmente ocorre em todos os partidos”.
A procuradora da República também perguntou se Tarso tinha conhecimento de que Lula teria indicado o ex-ministro Antônio Palocci para ser interlocutor junto ao Grupo Odebrecht, na pessoa de Marcelo Odebrecht, para tratar de valores a serem repassados ao Partido dos Trabalhadores. O ex-governador disse que não tinha conhecimento.
– E acho que o presidente não faria esse pedido, e Palocci não aceitaria esse mandato – disse.
Tarso Genro disse ainda que não sabia que Palocci era chamado de Italiano, como sustenta o Ministério Público Federal, com base em planilhas e delações.
*Rádio Gaúcha