O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba, afirmou que "é incompreensível" a redução do quadro de delegados de Polícia Federal (PF) na Operação Lava-Jato.
Em meio à deflagração da Operação Poço Seco, 41ª etapa da Lava-Jato que mira o ex-gerente da Petrobras Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos e o banqueiro José Augusto Ferreira, o procurador apontou para o enxugamento do efetivo de delegados na operação.
– Podemos dizer que são fatos, uma redução da equipe da operação na Polícia Federal – assinalou Carlos Lima. – Segundo eu soube, o Igor (Romário, chefe da equipe da PF na Lava-Jato em Curitiba) pode confirmar a redução de nove delegados para quatro, a informação que eu tive na última reunião. A operação em Curitiba não está diminuindo, ao contrário, vamos ter muito serviço, novos fatos, e todas as acusações que temos que proceder – disse.
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Santos Lima também declarou:
– Importante que se compreenda, talvez a Direção-Geral da Polícia Federal compreenda que precisamos manter uma equipe que realmente dê condições de suporte às medidas que vão ser tomadas daqui para a frente, investigações que vão se desenvolver.
O procurador se referiu aos acordos de leniência que estão sendo fechados com a JBS.
– Possivelmente, uma parte (das investigações) virá para Curitiba. Incompreensível para nós essa redução para apenas quatro delegados.
Na mesa em que Santos Lima dava entrevista sobre a fase 41 da Lava-Jato, o delegado Igor Romário de Paula apresentou outro número, mas ressaltou.
– Realmente, além de mim, mais cinco delegados, temos enfrentado um problema objetivo. Grande parte do nosso efetivo vem de fora, Rio, São Paulo e Brasília, (policiais) que trabalhavam aqui.
Igor Romário observou que os efetivos, agora, estão tendo que se deslocar para outros Estados a fim de dar conta de procedimentos abertos com base nas delações dos 77 executivos da Odebrecht. Segundo o delegado, o volume de demandas em Curitiba "foi temporariamente menor".
Nas últimas semanas, a PF está redirecionando quadros para Brasília.
– De fato, com o número que temos hoje fica difícil dar continuidade, prosseguimento da forma como sempre foi. Estamos tentando recompor. Na equipe de agentes e analistas não houve redução tão grande. Dificuldade maior hoje é com o número de delegados. Mas, enfim, temos que tentar recompor da forma como possível.
O delegado não fez especulações sobre eventual interferência do governo na Lava-Jato.
– Eu falo do ponto de vista administrativo interno da Polícia Federal. Se há alguma articulação maior, mais ampla, eu não sei dizer. A dificuldade operacional a gente vai ter que superar.
Igor observou que estão em curso 120 procedimentos instaurados no âmbito da PF em Curitiba.
– Quanto maior a equipe disponível, melhor vai ser o trabalho desenvolvido.
Ele defendeu equipes com a "qualificação necessária".
– Eu não vejo indícios de qualquer tipo de influência para tentar barrar a investigação aqui (em Curitiba). Vejo limitação em função da disseminação da investigação. São 17 Estados que vão receber desdobramentos. Realmente, fica difícil continuar recebendo gente para cá – finalizou.
*Estadão Conteúdo