A Polícia Federal informou, nesta segunda-feira (22), que ainda não recebeu o gravador usado por Joesley Batista, dono JBS, para gravar a conversa com o presidente Michel Temer na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu. Os peritos criminais federais que vão analisar o áudio reputam "fundamental" examinar o equipamento que o empresário usou.
De acordo com o site G1, o advogado de Joesley, Francisco Assis, afirmou nesta segunda-feira, que o gravador está com o empresário no Exterior, e deve chegar ao país na manhã de terça-feira (23). Assis teria afirmado que o equipamento será levado diretamente para a Polícia Federal assim que o material estiver no Brasil.
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Os peritos atuam no Instituto Nacional de Criminalística, órgão central de perícias da Polícia Federal. A PF pediu à Procuradoria-Geral da República que providencie a entrega do gravador. Os áudios dos diálogos de Joelesy e de outros executivos da JBS com os alvos da Operação Patmos já estão na PF – além de Temer, gravado por Joesley, são investigados o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), aliado do presidente.
Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção passiva, obstrução da investigação e participação em organização criminosa, alega que a gravação de sua conversa com Joesley foi editada e manipulada. Seu defensor, o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, pediu a suspensão do inquérito até que a perícia federal seja realizada. O Plenário do STF vai decidir na quarta-feira (24).
A PF já recebeu os quesitos apresentados pela Procuradoria-Geral da República e pela defesa do presidente para elaboração do laudo pericial. Mas os peritos insistem que é "fundamental" o gravador utilizado por Joesley.
"Em análise técnica preliminar, o Instituto Nacional de Criminalística apontou que é fundamental ter acesso ao equipamento que realizou as gravações originais. Por esse motivo, a PF oficiou à Procuradoria, solicitando o aparelho", destacou a PF, em nota divulgada neste domingo (21).
A PF assinalou que "não há prazo inicial estipulado para conclusão dos trabalhos periciais, especialmente diante da necessidade apontada de perícia também no equipamento".
Desde que firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria, Joesley se mudou com a família para Nova York – sua saída do país, sem tornozeleira eletrônica, faz parte do pacto.
Investigadores avaliam que este é o acordo mais "generoso" da Lava-Jato. Joesley e o irmão, Wesley, vão pagar R$ 110 milhões cada um. O grupo tenta acordo de leniência, mas oferece um valor pouco superior a R$ 1 bilhão – a Procuradoria exige mais de R$ 11 bilhões.