Embora continue forte a pressão para que Michel Temer renuncie, a situação do presidente em relação ao pedido de impeachment que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) irá protocolar na Câmara nesta quinta-feira (25) é completamente diferente da de Dilma Rousseff em 2015. Neste momento, são poucas as chances de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dar prosseguimento à solicitação da OAB – o que não impede de a situação se alterar nas próximas horas diante de eventuais novas denúncias.
O fato é que, por ora, a espada não está sobre a cabeça de Temer. E o que marca a principal diferença entre 2015 e 2017 é a figura do presidente da Câmara.
Leia mais:
Quais são os nomes cotados para substituir Temer na Presidência
Câmara e Senado debatem quem será o sucessor de Temer
Confira quem são os autores dos pedidos de impeachment contra Temer
A seguir, as diferenças e as circunstâncias que marcaram os pedidos de afastamento de Dilma e de Temer:
2015
– Eduardo Cunha era um parlamentar influente, com domínio total das regras internas da Câmara (o que permitia a ele jogar com prazos, barganhas e ameaças) e um perfil vingativo como poucos.
– Em 21 de outubro de 2015, quando os advogados Janaína Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. protocolaram o pedido de impeachment, o governo Dilma já dava sinais evidentes de perda de força no Congresso. O então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMSB-RJ), àquela altura, já era um inimigo declarado da presidente e do PT. Tudo porque, no início daquele ano, os deputados petistas haviam decidido não apoiá-lo na disputa pela presidência da Câmara. Cunha não só venceu com folga a eleição como declarou guerra ao PT.
– E a vingança veio em 2 de dezembro de 2015: 41 dias após ser protocolado, Cunha dá prosseguimento na Câmara ao pedido de impeachment. Era o início do fim do governo Dilma.
2017
– Rodrigo Maia é um aliado de primeira hora de Temer. Um dos principais conselheiros do presidente é o ministro Moreira Franco, que vem a ser sogro de Maia.
– Apesar de ser mais suscetível às pressões e ao ambiente político do que Cunha, por enquanto não teria motivos pessoais contundentes para dar aval à tramitação de um impeachment. Temer não é seu inimigo.
– O impeachment, por ser um processo longo e desgastante, capaz de paralisar o país por seis meses, não é considerado a melhor saída para a crise. Há outros meios mais rápidos se a situação de Temer ficar insustentável: a renúncia ou a cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral, cuja sessão de votação está marcada para dia 6 de junho.