As reformas deixaram de ser o principal assunto do país. Com a revelação de que Michel Temer foi gravado dando aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parlamentares entraram a noite de ontem em reuniões com as mesmas perguntas: o presidente terá força para sustentar o governo? Ou deve renunciar?
As respostas terão impacto na lenta recuperação da economia. As incertezas sobre o futuro de Temer se consolidaram no Congresso e no Planalto, com expectativa de turbulência nos mercados. Parlamentares temem que o clima resulte em alta no dólar, bolsa em queda e impeça novas reduções da taxa de juro.
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Na noite de ontem, nomes dos principais partidos alinhados ao governo evitaram palavras de apoio ao presidente. A impressão era de que a base evaporou. - Diante dessa gravíssima denúncia de obstrução à Justiça, Temer renuncia ou fica tudo como está? É preciso uma apuração séria - afirma a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS).
Auxiliares de Temer descartam a possibilidade de renúncia e contam com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para engavetar os pedidos de impeachment da oposição.
A sobrevivência do governo tornou-se a prioridade no Planalto, que admite o congelamento das reformas trabalhista e previdenciária no Congresso, onde ontem houve até bate-boca entre parlamentares.
- Estava se criando um clima favorável para que as reformas, pudessem ser aprovadas. Com o que foi divulgado até agora, o estrago já está feito - avalia o senador Dario Berger (PMDB-SC).
Peemedebistas cobram posição do Supremo
O governo tentará manter o discurso pró-reformas, com o apelo do impacto na retomada da economia. Vai lembrar também que políticos de diversos partidos serão alvejados pela delação da JBS e que as votações serão uma forma de dividir as atenções da população.
Parlamentares, contudo, avaliam que os projetos só poderão deslanchar quando o episódio do encontro de Temer com o empresário Joesley Batista for esclarecido. Caso o áudio seja divulgado, o governo, com popularidade baixa, ficaria "insustentável". Peemedebistas pregam calma, cobrando uma posição do Supremo Tribunal Federal (STF).
- O Supremo deve falar o quanto antes aos brasileiros se tudo isso é verdadeiro ou falso. É a primeira premissa para que os deputados ajam de forma correta - diz Mauro Pereira (PMDB-RS).
*ZERO HORA
E agora?
Delações trazem incertezas sobre futuro de Temer
Expectativa de congelamento das reformas e turbulência econômica
Guilherme Mazui / RBS Brasília
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