Com a decisão do ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio de não assumir o Ministério da Transparência e retornar para a Câmara dos Deputados, seu suplente, o deputado afastado Rocha Loures (PMDB/PR), irá perder o foro privilegiado. Há dúvida se, com o fim da prerrogativa de foro, o processo que o peemedebista responde em razão da delação da JBS continua ou não no Supremo Tribunal Federal (STF).
Considerado um dos homens de confiança de Michel Temer, Loures responde a inquérito no STF juntamente com o presidente e o senador afastado Aécio Neves (PSDB), que detêm foro. Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil do diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, em ação controlada da Polícia Federal. Ele foi afastado do cargo após decisão do Supremo Tribunal Federal, em 18 de maio.
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A avaliação de interlocutores de Temer é que, mesmo sem prerrogativa de foro, o caso de Loures permanece no STF porque é atrelado ao do presidente. No entanto, a assessoria do Supremo diz que não é bem assim. A decisão caberá ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin. Se entender que são "fatos conexos e correlatos", pode manter o caso de Loures na Corte. Caso contrário, remete para a primeira instância, ao juiz Sergio Moro, responsável por julgar as ações dos investigados no esquema de corrupção da Petrobrás e que não têm foro privilegiado.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o processo envolvendo a mulher do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Em março do ano passado, o ministro Teori Zavascki determinou o desmembramento da investigação sobre contas ilegais mantidas pela família de Cunha na Suíça. O caso foi parar nas mãos de Moro, que, nesta semana, por falta de provas, Moro absolveu a esposa de Cunha, Cláudia Cruz.