Deputada federal e ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) irá responder a inquérito por corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ela recebeu R$ 1,75 milhão da construtora Odebrecht para facilitar a recuperação de créditos de ICMS à Braskem, empresa controlada pela empreiteira.
Os detalhes da operação e os pagamentos a Yeda foram narrados por três executivos da Odebrecht: Alexandrino Alencar, Benedicto Júnior e Valter Lana. O dinheiro teria sido entregue durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2010. Em 2006, quando venceu a eleição ao governo do Estado, ela teria recebido R$ 200 mil por meio de doação oficial e mais R$ 400 mil via caixa 2.
Em 2010, quando concorreu à reeleição e perdeu no primeiro turno para Tarso Genro (PT), Yeda teria recebido R$ 600 mil em doações legais e outros R$ 550 mil por caixa 2. Do total de R$ 1,75 milhão, R$ 800 mil foram declarados à Justiça Eleitoral e o restante por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propinas da empreiteira.
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De acordo com as investigações, a Braskem, que controla o Polo Petroquímico de Triunfo, teria condicionado apoio financeiro a Yeda, desde que ela prorrogasse isenções fiscais do grupo. O pedido foi atendido em junho de 2008, quando Yeda já era governadora. Ela anunciou a prorrogação, no ato em que a Braskem divulgou investimento de R$ 1 bilhão no Polo Petroquímico.
Pela ação do Piratini, alguns produtos da cadeia do plástico produzidos pela empresa possuem redução da base de cálculo do ICMS. Isso resultava em carga tributária de 12%, ao invés dos 17% que vigoravam na época. A governadora anunciou prorrogação dessa alíquota vantajosa à empresa, em junho de 2008, como apoio ao setor petroquímico. "É um indicativo de que estamos apoiando setores que sejam diferenciados e que contribuam para o desenvolvimento de novas tecnologias no Estado", divulgou o governo do RS, em 5 de junho de 2008.
O acordo foi firmado entre Yeda e o presidente da Braskem na época, José Carlos Grubisich. Conforme relatos dos delatores, a propina a Yeda teria sido paga antecipadamente, com os R$ 600 mil repassados em 2006 – antes de ela ser eleita – e quitado em 2010, com o R$ 1,15 milhão restante.
O que diz a deputada federal Yeda Crusius:
A deputada gaúcha, por meio de nota, afirma que transparência é fundamental, e aguarda o levantamento do sigilo das delações que embasaram a decisão do Procurador Janot e do Ministro Fachin.
"Embora desconhecendo ainda as razões que o levaram a elaborar estas listas, considero fundamental tanto a Lava-Jato quanto o trabalho do Supremo para que os inquéritos hoje autorizados sejam feitos e concluídos com a celeridade requerida por mim e por toda a população brasileira, separando o joio do trigo e promovendo a Justiça de que tanto o país precisa", diz um trecho do comunicado.
*Zero Hora