O empresário Léo Pinheiro, da OAS, fez um relato nesta quinta-feira sobre o apartamento triplex do Guarujá que pode complicar a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu da Lava-Jato. Segundo Léo Pinheiro, o petista o teria orientado a destruir provas de pagamentos via caixa 2 ao PT no Exterior.
– Se tiver, destrua! – foi a ordem de Lula, segundo o empresário.
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– Eu tive um encontro com o presidente em junho (de 2014), bom isso tenho anotado na minha agenda – disse Léo Pinheiro. – São vários encontros onde o presidente, textualmente, me fez a seguinte pergunta. "Léo", até notei que ele tava um pouquinho irritado, "Léo, você fez algum pagamento ao João Vaccari no Exterior?" Eu disse: "Não presidente, eu nunca fiz pagamento dessas contas que temos com Vaccari no Exterior".
Lula insistiu, ainda de acordo com as revelações do empreiteiro.
– Como é que você está procedendo os pagamentos para o PT através do João Vaccari?
– Estou fazendo os pagamentos através de orientação do Vaccari, de caixa 2, de doações diversas que fizemos a diretórios.
E Lula, então, deu a ordem, segundo o empreiteiro.
– Você tem algum registro de encontro de contas, de alguma coisa feita com Vaccari com você? Se tiver, destrua.
– Acho que, quanto a isso, não tem dúvida – afirmou Léo Pinheiro.
Defesa
Em nota, Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula, afirmou:
"Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel.
A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo – não presenciado por ninguém – no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-Presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo, não mereceu nenhuma providência.
A afirmação de que o triplex do Guarujá pertenceria a Lula é também incompatível com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro. Em 3/11/2009, houve emissão de debêntures pela OAS, dando em garantia o empreendimento Solaris, incluindo a fração ideal da unidade 164A. Outras operações financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em 2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que disse o depoente é incompatível com relatórios feitos por diversas empresas de auditoria e com documentos anexados ao processo de recuperação judicial da OAS, que indicam o apartamento como ativo da empresa.
Léo Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares. Também reconheceu que o imóvel jamais foi usado pelo ex-Presidente.
Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos".
*Estadão Conteúdo