O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, nesta segunda-feira, que uma eventual cassação do presidente Michel Temer (PMDB) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma consequente eleição indireta traria uma "confusão" ainda maior para o país.
– Já temos tantas dificuldades hoje, o Congresso ainda vai eleger uma pessoa pra ser presidente por um ano? É mais confusão – disse o ex-presidente em entrevista à rádio CBN.
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Para FHC, o processo que corre na Corte Eleitoral, cujo julgamento começa nesta terça-feira, traz riscos para o Brasil, principalmente no setor econômico.
– A percepção das pessoas, especialmente dos investidores é: vamos ter outro problema no Brasil? Eles se retraem – disse o ex-presidente. – O Brasil está há muito tempo de pernas para o ar, está começando a assentar um pouco. Levar muito tempo em um julgamento que põe em risco a situação vigente tem consequências negativas.
A ação em análise pelo TSE foi proposta em 2014 pelo PSDB contra a chapa eleita, formada pela petista Dilma Rousseff e por Temer, que derrotou o então candidato do partido, Aécio Neves. Os ministros decidirão se houve abuso de poder político e econômico na campanha presidencial daquele ano.
Na entrevista à rádio, o ex-presidente falou ainda sobre reforma política e defendeu a aprovação de cláusula de barreira para os partidos, além da proibição de coligação nas eleições proporcionais.
– Quem paga a democracia? Os parlamentares estão pedindo que o contribuinte pague, através do fundo partidário. Os países que tem fundo partidário tem quatro, cinco, seis partidos. Aqui tem 30 e poucos. Não há dinheiro que possa dar conta de 30 e poucos partidos.
Questionado sobre 2018, FHC negou que o PSDB já tenha um candidato ao Palácio do Planalto.
– Não se sabe ainda o resultado da Lava-Jato, quem para em pé, quem não para em pé.
O ex-presidente falou, ainda, sobre o nome do prefeito de São Paulo, João Doria ter ganhado força para a disputa.
– Em uma certa altura, eu disse a ele que não acreditava que ele convencesse (os eleitores). Convenceu. Agora é o balão que está subindo. Se subir, subiu. O PSDB tem que ter o pé no chão, quem decide no fundo no fundo quem vai ser o candidato não somos nós, é o eleitorado.
*Estadão Conteúdo