O novo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), disse que o governo "não vai acabar" após a divulgação da lista a ser enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, com base nas delações de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Sob a alegação de que delatores da Lava-Jato querem entregar "carne nova" e muitas vezes "inventam", Aloysio admitiu até mesmo que haja outras menções envolvendo o seu nome.
– O governo não vai acabar com a lista de Janot – disse o chanceler, em entrevista ao Estado. – Se o Brasil for parar por isso, não tem saída. Precisamos continuar trabalhando, porque temos uma crise a ser enfrentada, temos problemas para serem resolvidos e que não podem esperar acabar a apuração de tudo.
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Embora tenha assegurado não sentir "tensão pré-lista", Aloysio admitiu "sofrimento" ao esperar a conclusão de um inquérito, no qual foi acusado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da OAS, de ter recebido R$ 200 mil em dinheiro de caixa 2 para sua campanha ao Senado, em 2010.
– Mais do que constrangimento, isso para mim é razão de sofrimento. Tudo o que tinha de ser investigado já foi e o empresário declarou que nunca pedi contribuição para ele. Agora, evidentemente, pode haver outras menções – declarou.
A vacina aplicada pelo chanceler é para se antecipar a comentários de que a lista de Janot poderá conter o seu nome. Questionado sobre a acusação do empresário Fernando Cavendish, da Delta, de que ele seria um dos destinatários de pagamentos irregulares a obras da Dersa, sob a responsabilidade do então diretor Paulo Vieira Souza, Aloysio franziu o cenho.
– Não conheço Cavendish. Nunca vi na minha vida – respondeu. – Não me preocupo com isso porque nunca troquei voto ou decisão administrativa por favorecimento indevido.
Ex-líder do governo no Senado e aliado de José Serra (PSDB-SP), a quem substituiu no Itamaraty, Aloysio lembrou que o presidente Michel Temer impôs uma "lista de corte" para seus auxiliares. Por essa ordem, quem for denunciado será afastado e quem virar réu terá de deixar a equipe.
– Agora, o delator que não conseguir provar o que falou também vai quebrar a cara – insistiu.
O chanceler disse que o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht abriu investigação para apurar a situação de executivos que "puseram dinheiro no bolso", sob a alegação de repassar doações a políticos.
– Então temos um assunto que ainda vai render muito.
*Estadão Conteúdo