O governador José Ivo Sartori falou ao programa Estúdio Gaúcha na noite desta terça-feira (24), após desembarcar em Porto Alegre, vindo de uma reunião com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O Piratini espera fechar em duas semanas o acordo de recuperação fiscal do Estado com a União. A partir de quinta-feira, as equipes econômicas do Estado e do governo federal começam a formatar um "termo de compromisso" para viabilizar o socorro financeiro.
– Já havíamos conquistado a renegociação da dívida, que já foi um espaço importante, os seis meses que nós tivemos com a decisão do Supremo de não pagar a parcela da dívida. (...) Nós começaríamos a pagar agora no mês de janeiro em torno de R$ 15 milhões do conjunto da parcela, e em fevereiro um pouco mais que isso, e assim indo até junho de 2018. Agora com essa questão da repactuação, e com essa possibilidade, nós podemos ficar 36 meses sem o pagamento da parcela da dívida da União – comentou Sartori.
O peemedebista afirmou que o governo trabalha com a redução do déficit projetado em 2015, que tinha previsão de R$ 25 bilhões, para R$ 8 bilhões. No entanto, o socorro do governo federal não resolve toda situação financeira do Estado.
– Com tudo o que fizemos – os cortes e remédios amargos, as medidas aprovadas na assembleia –, vamos chegar a um déficit de R$ 8 bilhões. Vai nos dar tranquilidade e mais serenidade. Mas é bom que eu alerte que o não pagamento da parcela representa apenas um quinto da folha de pagamento dos servidores.
Sobre os atrasos e parcelamentos dos servidores, Sartori voltou a falar da crise financeira.
– As pessoas têm que se dar conta que pelo menos os servidores têm uma oportunidade, a garantia de seu emprego, enquanto que, há um mês e pouco, tivemos o caso de Rio Grande em que 3.200 pessoas ficaram desempregas. Eu já disse que estamos plantando a boa semente – disse.
O governador falou ainda que a segurança "vem avançando no Estado" e ressaltou que serão mais dois mil novos servidores na área, incluindo 700 funcionários na Susepe. Ele também comentou a construção de um presídio federal no Estado, que ainda não tem cidade definida ou prazos estabelecidos.
– Pelo menos é um alento. Até bem pouco tempo ninguém nos municípios desejava ter uma casa prisional, esse preconceito já foi superado, sabem que isso significa desenvolvimento e também ocupação de mão de obra.
Confira a entrevista na íntegra:
Sartori também foi questionado sobre a extinção de fundações estaduais e demissão dos seus funcionários, que foi alvo de críticas e protestos durante a votação na Assembleia.
– Nós enfrentamos esse desafio, a Assembleia nos apoiou. (...) o Estado chegou ao limite e não tem a receita suficiente para suportar suas despesas.
Ao final da entrevista, Sartori seguiu justificando o que chamou de "medidas amargas".
– Tenho certeza que vou entregar o Estado muito melhor do que recebi.