Estão sendo cumpridas pela Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira, mandados de prisão preventiva, conduções coercitivas e buscas e apreensões no Rio de Janeiro. As diligências são parte da Operação Eficiência, segunda fase da Calicute, desdobramento da Lava-Jato em solo carioca.
A investigação mira pagamentos de propina envolvendo o ex-governador Sergio Cabral, que também é alvo de um mandado de prisão preventiva – o peemedebista já está preso em Bangu.
Entre os alvos da operação estão:
1) Eike Batista: o empresário não foi encontrado em sua residência durante o cumprimento de mandado de prisão preventiva, na manhã desta quinta-feira. Conforme a Polícia Federal (PF), os advogados de Eike afirmaram que o suspeito está em Nova York. No entanto, os investigadores não confirmam a informação. Na tarde da quinta-feira, Eike foi incluído na lista da Interpol e passou a ser considerado foragido internacional. A defesa do empresário afirmou que "tem interesse em voltar o mais rápido possível" ao Brasil. De acordo com o advogado Fernando Martins, Eike não esperava ser alvo da operação, mas "está à disposição para esclarecer tudo". O retorno do empresário para o Brasil está sendo tratado com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Segunda a defesa, "Eike é uma pessoa privada, um empresário, não tem nenhum envolvimento com dinheiro público".
2) Flávio Godinho: foi preso de forma preventiva. É vice-presidente de futebol do Flamengo e ex-braço direito de Eike Batista. Ele já havia sofrido condução coercitiva durante a 34ª fase da Lava-Jato, em setembro de 2016.
3) Sergio de Castro Oliveira: foi alvo de mandado de prisão. É apontado como operador do suposto esquema criminoso em favor de Cabral, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
4) Francisco Assis Neto: foi alvo de mandado de prisão. É um dos membros da organização investigada pela Operação Eficiência, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
5) Alvaro José Galliez Novis: foi alvo de mandado de prisão preventiva. Novis é um conhecido operador de câmbio do Rio de Janeiro e sócio da corretora Hoya. Ele foi mencionado por delatores como responsável pelo depósito de dinheiro em espécie no âmbito das investigações da Operação Eficiência. Entre janeiro e setembro de 2014, Novis teria feito dezenas de ligações a Carlos Miranda, ex-assessor de Cabral. Conforme o despacho judicial, o operador teria pago R$ 12,2 milhões.
6) Thiago Aragão: foi alvo de mandado de prisão preventiva. É ex-sócio da esposa de Cabral.
7) Wilson Carlos Cordeiro Carvalho: recebeu mandado de prisão na operação desta quinta-feira, mas já estava detido desde novembro de 2016 após também ter sido alvo da 37ª fase da Operação Lava-Jato. Wilson Carlos é ex-secretário dos dois governos de Cabral no Estado do Rio de Janeiro (2007-2014) e considerado "braço-direito" do peemedebista. Ele é suspeito de ser um dos operadores administrativos de um esquema de propina que envolvia contratos de grande porte ligados ao governo estadual nas gestões de Cabral. A defesa informou que Carvalho só irá se manifestar nos autos do processo.
8) Carlos Emanuel Miranda: é ex-assessor de Cabral e já estava preso. A defesa informou que Carlos Miranda não irá se manifestar.
9) Luiz Carlos Bezerra: ligado a Cabral, Bezerra já estava preso.
10) Maurício de Oliveira Cabral Santos: alvo de condução coercitiva, é irmão do ex-governador Sérgio Cabral. Assim como Suzana Neves Cabral, Maurício seria destinatário de dinheiro em espécie do esquema criminoso.
11) Suzana Neves Cabral, ex-esposa de Cabral: alvo de condução coercitiva, é ex-esposa de Cabral. Assim como Maurício de Oliveira Cabral Santos, Suzana seria destinatária de dinheiro em espécie do esquema criminoso. Por volta das 10h desta quinta-feira, ela foi conduzida à sede da Polícia Federal. O advogado Sérgio Riera, defensor de Suzana, afirmou que ela "não sabia a origem" dos valores a ela repassados. "Para ela eram valores lícitos, era uma espécie de pensão. Não havia nada judicializado com relação a isso", afirmou a defesa.
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Todas as diligências tiveram origem nos desdobramentos da investigação sob tutela do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Na fase desta quinta-feira, as informações foram coletadas em dois acordos de colaboração que abordaram os detalhes do esquema de lavagem de dinheiro por trás dos desvios praticados pelo grupo do ex-governador Sergio Cabral.