Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB), afirmou nesta segunda-feira que os salários dos servidores deverão atrasar nos próximos meses. O problema não deverá afetar os trabalhadores em janeiro e fevereiro, graças ao dinheiro arrecadado com os pagamentos antecipados do IPTU, conforme explicou Marchezan:
– Vamos conseguir honrar os pagamentos dos servidores em janeiro e fevereiro por causa da verba arrecadada com o pagamento antecipado do IPTU. Quando acabar esse dinheiro, vamos voltar para a realidade. A gestão anterior contratou despesas para 2017 muito superiores ao dinheiro arrecadado. Todo mês, temos que escolher dezenas de milhões de reais que não serão pagos – disse o prefeito.
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Na entrevista, o chefe do executivo de Porto Alegre também falou sobre a criação de teto salarial para cargos em comissão (CCs), anunciada nesta segunda-feira. A medida foi implementada para "fazer justiça com os servidores e com o dinheiro público", segundo Marchezan, pois em um momento de crise, acrescentou, não é possível que exista muita diferença entre os salários dos trabalhadores do poder público que realizam o mesmo serviço:
– São duas questões: uma é estancar a crise, e a outra, neste caso, é fazer um pouquinho de justiça entre os próprios servidores e com o dinheiro público. Passamos por um momento de crise e não é possível que tenhamos, hoje, alguns servidores que, por estarem em uma ou outra secretaria, ganhem cinco, seis, sete mil reais a mais do que outros servidores que estão no mesmo andar, ou no de cima, fazendo a mesma atividade.
Marchezan também citou os atrasos nos pagamentos a fornecedores da prefeitura. Ele disse que só é possível contabilizar os valores devidos pelo Executivo quando determinado débito é empenhado e entra na contabilidade da prefeitura. Sem que isso aconteça, apenas as secretarias ou departamentos que contrataram os serviços sabem o que devem.
– Existem alguns outros empenhos que a prefeitura cancelou, para não dar um déficit maior. Então, foi cancelado o crédito desse fornecedor, que terá que apresentar de novo o contrato e o valor que deve ser pago pela prefeitura. O prefeito (José Fortunati) disse que a dívida era algo em torno de R$ 130 milhões, mas esse valor deverá superar R$ 500 milhões. Dentro desses valores, vamos ter de ver o que precisa ser pago de imediato, pois não temos condição de pagar tudo isso. A prefeitura não tem esse valor, se tivesse, o prefeito anterior tinha pago – declarou.
Em relação ao Carnaval na Capital, Marchezan voltou a reafirmar que não vai disponibilizar dinheiro público para o evento, mas que vai tentar angariar parceiros do setor privado e patrocinadores para garantir a realização do festejo. Segundo o prefeito, as escolas de samba vão ter de se adequar ao cenário de crise econômica. Essa medida vai profissionalizar o Carnaval em Porto Alegre e deixar o dinheiro público para as necessidades mais importantes da sociedade, avalia Marchezan:
– As escolas vão ter de se profissionalizar mais e capitar recursos para realizar um Carnaval com recurso privado e deixar o recurso público, dos impostos, para algumas áreas que hoje sequer a gente consegue atender bem, como saúde, segurança e educação.
O tucano afirmou que essa medida tomada em relação ao Carnaval não atingirá apenas esse evento. A festa de Navegantes, a Semana Farroupilha, a Festa do Pêssego, alguns rodeios e outros eventos também não receberão verba pública.
– Todos esses eventos terão o apoio da prefeitura para atrair investimentos privados. Isso gera mais renda e emprego – afirmou.
Marchezan disse que a prefeitura já está dando alguns passos positivos nesses primeiros dias sob o comando da gestão atual. Ele citou novas modalidades que serão implementadas nos serviços de transportes de servidores e que vai cumprir todas as suas promessas de campanha:
– Em breve, teremos uma previsão da abertura dos postos de saúde até as 22h. A gente vai cumprir essa promessa assim como a questão do reconhecimento das placas (de carros) pelos pardais. Vamos transformar Porto Alegre em uma cidade muito melhor – disse.