O secretário-geral de Governo, Carlos Búrigo, afirma que o governo estadual vai conseguir votos suficientes para a aprovação dos projetos remanescentes do pacote enviado pelo governador José Ivo Sartori em dezembro. O líder da maior bancada de oposição, Luiz Fernando Mainardi (PT), afirma que o Piratini não terá os votos necessários.
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O secretário-geral de Governo, Carlos Búrigo, avalia que o Piratini terá votos suficientes para aprovar todos os projetos remanescentes do pacote. Para convencer a base, argumenta que a aprovação é vital para garantir o socorro financeiro do governo federal.
Como avalia o resultado das votações em dezembro?
Tivemos êxito com os projetos envolvendo a extinção de órgãos estaduais, e isso foi muito importante. Os deputados compreenderam a necessidade de modernizar o Estado. Mas fomos derrotados na PEC dos poderes, não foi bom, e entendemos que o melhor para o governo teria sido aprovar todos os projetos em 2016.
Entre as propostas que ficaram para 2017, quais são prioritárias para o Piratini?
O projeto que tira da Constituição a obrigação de pagar o servidor no último dia útil do mês, porque poderemos pagar primeiro os que ganham menos, a PEC que desobriga o Estado de fazer plebiscito para privatizar ou federalizar CEEE, CRM e Sulgás e a que libera o Estado de remunerar os diretores de sindicatos.
Muda algo com a presidência de Edegar Pretto, do PT?
Acho que não. Teremos de fazer acordos com os líderes para levar projetos à votação. Tendo acordo, o presidente tem de cumprir.
Em dezembro, o governo não teve votos suficientes para aprovar PECs. Qual é a estratégia agora?
Não conseguimos votos suficientes para a PEC dos poderes. Para as demais PECs, vamos obter os votos necessários. Estamos trabalhando nisso.
O plano de recuperação financeira do Estado, em negociação com a União, faz parte da estratégia de convencimento?
Sem dúvida. Precisamos aprovar essas propostas para garantir o plano de recuperação financeira, e acredito que vamos conseguir.
A polêmica envolvendo o Banrisul pode dificultar as coisas para o governo?
Não, porque não está nos planos do governo negociar o Banrisul.
Para o líder da maior bancada de oposição, Luiz Fernando Mainardi (PT), o Piratini não terá os votos necessários para aprovar os projetos que restaram do pacote. Mainardi considera que o plano de socorro financeiro não será suficiente para convencer a maioria.
Como avalia o resultado das votações em dezembro?
Nem o governo nem a oposição saíram vitoriosos, e a população perdeu muito com a extinção de órgãos importantes para o Estado, fundamentais para a elaboração de políticas públicas. Não é que esses órgãos não precisassem eventualmente sofrer mudanças. Mas extingui-los é um erro.
Entre os projetos que ficaram para 2017, quais têm mais resistência da oposição?
A PEC que desobriga o governo de promover plebiscitos para fazer privatizações é nefasta. Retira o direito da população de decidir. Outra que não passa é a que muda a data do pagamento dos salários dos servidores e mexe com o pagamento do 13º.
Muda algo com a presidência de Edegar Pretto, do PT?
Aqui não é a terra do Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara). A definição sobre o que se vota é dos partidos. A única coisa que muda é que vamos perder o voto dele (presidente só vota em caso de desempate). É ruim, mas, ao mesmo tempo, acho que teremos mais espaço para o debate.
Em dezembro, o governo não teve votos suficientes para aprovar PECs. Agora, espera usar como argumento o plano de socorro financeiro da União. Pode funcionar?
Não. O governo não tem votos suficientes. Esse plano não vai resolver o futuro do Estado e não é suficiente para convencer os deputados. E o ministro da Fazenda (Henrique Meirelles) quer, na verdade, a privatização do Banrisul.
A polêmica envolvendo o Banrisul pode dificultar as coisas para o governo?
Sim, mas acredito que o Sartori não vai comprar essa pauta do Meirelles. Não tem nenhum sentido esse tipo de exigência. É um absurdo completo.