O presidente Michel Temer convocou uma reunião de emergência neste domingo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e outros ministros do seu governo para uma avaliação das delações dos ex-executivos da Odebrecht para a força-tarefa da Lava Jato.
No encontro, que acontecerá no Palácio do Jaburu, Temer também discutirá medidas para a retomada da economia ainda este ano. Essa reunião não estava prevista na agenda do presidente. Na sexta-feira, à noite, depois do vazamento da delação do ex-diretor de Relações Institucionais Cláudio Melo Filho, na qual foi citado, Temer foi para São Paulo. Ele retornou à Brasília por volta da hora do almoço deste domingo.
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O Palácio do Planalto reagiu aos vazamentos com "preocupação" e sem "ingenuidade". A ordem do presidente Michel Temer é evitar muitos comentários, reforçar que as delações precisam se comprovar e que o governo tem que "continuar trabalhando" pelo país. Interlocutores do presidente, entretanto, admitem que "os efeitos disso precisam ser observados" e que a Lava Jato sempre foi e continua sendo um fato "imponderável".
Cláudio Melo Filho afirmou em delação que Temer pediu R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht em 2014. Oficialmente, o Planalto negou no sábado à noite a informação e afirmou que não há mais comentários a serem feitos e que a nota divulgada "diz tudo". No texto para responder as acusações, o presidente repudia "com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho". "As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", completa a nota.
Nesta semana, está prevista a última votação da PEC do Teto dos Gastos, marcada para terça-feira, e da LDO. O governo não quer que a tramitação dessas medidas, e da reforma da Previdência, sejam prejudicadas com o teor das delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Pesquisa
Neste domingo, o Datafolha divulgou pesquisa que mostra um aumento da impopularidade do presidente. A parcela dos brasileiros que considera o governo Michel Temer ruim ou péssimo saltou de 31% para 51% de julho para dezembro. Segundo pesquisa Datafolha, 34% consideram a atual gestão regular e 10%, boa ou ótima. Em julho, quando ainda era interino no cargo, Temer era avaliado como regular por 42% e como ótimo ou bom por 14% dos entrevistados pelo instituto.
A falta de expectativas com a melhora da economia é a principal explicação para a piora na percepção do atual governo. Em julho 30% achavam que a situação econômica do país iria piorar - hoje são 41%. Já os que achavam que iria melhorar eram 38% em julho e são 28% agora.