O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou, em entrevista ao programa Fantástico da TV Globo, neste domingo (27), que gravou uma conversa que teve por telefone com o presidente Michel Temer. No entanto, ele classificou o diálogo como "burocrático" e "protocolar", além de negar ter registrado outras conversas com Temer.
“Eu fiz algumas gravações telefônicas. Ou seja, de pessoas que me ligaram. Entre essas gravações, existe uma gravação do presidente da República, mas uma gravação absolutamente burocrática. Inclusive, eu fiz questão de que essa conversa fosse muito protocolar, que é a conversa da minha demissão. Eu tive a preocupação inclusive de não induzir o presidente a entrar em qualquer tema pra não criar prova contra si”, afirmou Calero ao programa.
Em coletiva de imprensa convocada às pressas neste domingo (27), Michel Temer, criticou a gravação de uma conversa entre ele e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Temer disse que está acostumado a “arbitrar conflitos”, mas nega que tenha patrocinado interesses privados do então ministro da secretaria geral de Governo, Geddel Vieira Lima, em um empreendimento imobiliário na Bahia, que está embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Nesta semana, a imprensa divulgou que, após pedir demissão, Calero entregou à Polícia Federal as gravações de conversas que teve com Temer e o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre o embargo do Iphan à construção de um prédio onde Geddel comprou um apartamento. A situação fez Geddel deixar o governo.
Conforme Calero, Michel Temer recomendou que o caso fosse encaminhado à Advocacia Geral da União.
“Em menos de 24 horas, todo aquele respaldo que ele [Temer] me havia garantido, ele me retira. Me determina que eu criasse uma manobra, um artifício, uma chicana como se diz no mundo jurídico, pra que o caso fosse levado à AGU. E aí, eu não sou leviano, não sei o que que a AGU faria. Não sei se a ministra Grace estava ou não sabendo, enfim, não posso afirmar isso categoricamente. Embora tenha indícios”, afirmou.
Ainda na entrevista, Calero falou sobre as críticas de que teria sido desleal a Temer. Ele rebateu dizendo que servidor público tem que ser “leal, mas não cúmplice”. O ex-ministro não quis mencionar se chegou a gravar alguma conversa com Geddel ou Eliseu Padilha, porque “poderia atrapalhar as investigações”.