Durante discurso em um congresso de professores em Serra Negra (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva direcionou ataques à força-tarefa da Operação Lava-Jato e aos meios de comunicação. O petista chegou a comparar a atenção dada às denúncias contra ele no caso envolvendo um triplex no Guarujá com o apartamento comprado pelo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA), objeto da mais recente polêmica envolvendo um ministro de Michel Temer (PMDB).
– Vocês percebem que não dão destaque ao apartamento do Geddel como deram ao meu triplex – disse Lula, a uma plateia de participantes do Congresso do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp).
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Para Lula, a mídia e a força-tarefa da Lava Jato estão em uma campanha para demonizar sua imagem e fazer com que ele "pare de brigar". Lula se referiu como "moleques" aos procuradores do Ministério Público Federal que produziram uma acusação contra ele por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
– Quando essa molecada não tinha nascido, eu já estava fazendo greve em 78.
O ex-presidente acusou os procuradores de "inventar mentiras" contra ele submetidos aos meios de comunicação.
– Todo dia produzem uma mentira, vai para a PF, da PF vai para o MP, o MP através desse grupo constrói outra mentira, vai para o juiz Moro. O Moro, ao invés de tentar aceitar ou não pelos autos, orienta como eles têm que fazer – afirmou Lula.
Lula disse que as ações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça "se misturam na mesma coisa, a caça ao Lula". Ele disse que entrou com processo contra Moro pela "invasão que fez na minha casa". Também afirmou que processou o delegado "que disse que eu peguei dinheiro de Angola" e está processando "o cidadão do Ministério Público que disse que Lula criou o PT, que é organização criminosa e eu chefe, e que disse: não tenho prova, mas tenho convicção".
– Ele que guarde a convicção dele para ele, eu quero prova – falou.
Durante o discurso, o presidente falou que as palestras que fez na África, sob as quais ele é investigado, "quem sabe tenham sido mais honestas que diárias que eles estão recebendo para contar mentiras no Paraná", principal palco da Lava-Jato.
O petista afirmou ainda que vai entrar com um processo contra os meios de comunicação, mas que "isso demora".
– Não vou aceitar que meia dúzia de delegados ou procuradores venham jogar suspeita contra mim, se acham que tenho medo (...) eu não aprendi a ter medo, aprendi a ter respeito – afirmou.
Lula ainda conclamou os militantes a discutirem um projeto para o Brasil e reformular as políticas de educação que, segundo ele, foram desfeitas pelo governo de Michel Temer.
– Temos que pedir aquilo que nós seríamos capazes de fazer quando a gente retomar esse governo para o povo trabalhador governar esse país, nós temos competência para isso e acho que a gente pode retomar – discursou.
O ex-presidente ainda falou que os ataques direcionados ao PT não estão sendo feitos "pelas coisas ruins que algum petista fez, é pelas coisas boas que nós provamos que é possível fazer nesse país".
*Estadão Conteúdo