A tratativa da delação premiada e da leniência da Odebrecht está a um passo de ser concluída. O último entrave na mesa, neste momento, é relacionada ao valor que será pago pela empresa aos Estados Unidos, como multa da leniência negociada entre as autoridades americanas, o Brasil e a Suíça. Os EUA pressionam por um valor maior, o que gerou um impasse na reta final das negociações.
No caso das delações, as tratativas foram encerradas e restam apenas as formalidades de assinatura do acordo. Parte dos advogados de delatores começou as assinaturas nesta quarta-feira e outra parte fará a formalização na quinta. Segundo apuração da reportagem, são 73 executivos delatores ao todo. Com a delação, cada um dos funcionários da empresa obteve acordo por uma pena mais amena.
Leia mais
Como funciona um acordo de delação premiada
Suíça anuncia transferência de documentos da Odebrecht ao Brasil
Se aprovado, relatório de Onyx será revolução no combate à corrupção, avalia Dallagnol
Na tarde desta quarta-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou pessoalmente nas negociações para resolver a questão. O valor da multa a ser paga pela empresa já estava acertado com a Odebrecht. Como o dinheiro será repartido entre os três países, a exigência de montante maior pelos americanos gerou um entrave na negociação. O empecilho, segundo apurou a reportagem, deve ser resolvido entre a tarde desta quarta-feira e quinta. Há dois caminhos possíveis: ou aumenta a multa a ser paga pela empresa ou Brasil e Suíça liberam uma parte do valor para equacionar o impasse.
Advogados e procuradores envolvidos na negociação tentam assinar toda a documentação relativa aos acordos até quinta-feira, antes de Janot embarcar em viagem internacional. Na sexta-feira, o procurador-geral da República viaja para a China, onde fica até o próximo dia 4.
Fluxo
Apesar de a fase de negociação estar praticamente concluída, o material ainda não será enviado ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de encaminhar as delações para homologação, os procuradores precisam concluir a validação de depoimentos dos delatores, o que pode se estender até as vésperas do recesso do Judiciário, que terá início em 20 de dezembro. A expectativa é que os depoimentos, sejam enviados no começo do ano que vem para o STF.
No almoço desta quarta-feira, Janot se reuniu com procuradores e advogados que participam em Brasília de um seminário internacional sobre sistema acusatório. Na saída, se recusou a falar com jornalistas sobre o acordo de delação, mantido sob sigilo.
A expectativa é de que após a assinatura dos acordos de delação e leniência a Odebrecht divulgue um comunicado à sociedade sobre a situação do grupo.
*Agência Brasil