Em depoimento prestado à Polícia Federal, o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, disse, nesta segunda-feira, que, a pedido do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), policiais legislativos fizeram uma varredura na residência oficial da Presidência da Câmara à procura de dispositivos de escuta ambiental e telefônica.
O pente-fino na residência ocupada por Eduardo Cunha ocorreu, segundo ele, depois que a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no imóvel, em dezembro do ano passado, numa das etapas da Operação Lava-Jato.
Leia mais
Delator diz que senadores "pediam varreduras" após notícias de corrupção
Policial do Senado denuncia missão para beneficiar Sarney
Três policiais legislativos presos pela PF são liberados
O diretor foi preso na última sexta-feira, na Operação Métis, que apura suposto uso de equipamentos de contrainteligência do Legislativo para blindar políticos de investigações. A suspeita é que os policiais legislativos rastreavam eventuais aparelhos de escuta, implantados pela PF com autorização da Justiça.
A PF deve pedir a prorrogação da prisão temporária do diretor. Ele é apontado como o chefe "da organização criminosa" que atuaria para blindar políticos. Outros três policiais legislativos foram ouvidos e liberados.
O diretor foi perguntado sobre as varreduras nas casas de outros políticos, entre eles o ex-senador e ex-presidente José Sarney. Explicou que não questionava as ordens que vinham de senadores. Apenas as recebia e cumpria.
Os pedidos de varredura para Cunha e Sarney, conforme a investigação em curso, não tinham numeração. Para a PF, essa prática foge ao procedimento padrão da Casa.
*Estadão Conteúdo