O presidente Michel Temer já está a caminho da Argentina, onde se encontrará com o mandatário argentino, Maurício Macri. Previsto inicialmente para as 9h, o embarque ocorreu às 8h10min.
A expectativa é de que os dois presidentes debatam iniciativas visando a retomada dos fluxos de comércio e de investimentos. Após um almoço – que será oferecido por Macri na Quinta Presidencial de Olivos – Temer embarcará para o Paraguai, onde se reunirá com o presidente Horácio Cartes. Esta é a primeira viagem de Temer a um país vizinho.
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Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, a Argentina tem o Brasil como seu principal parceiro tanto para importação como para exportação. No entanto, o intercâmbio comercial entre os dois países tem registrado queda. Se em 2011 o comércio bilateral foi próximo a US$ 40 bilhões, em 2015 ficou pouco acima de US$ 23 bilhões.
Segundo números do Palácio do Planalto, nos primeiros oito meses de 2016 o intercâmbio bilateral entre Brasil e Argentina superou os US$ 14 bilhões, mas a expectativa é de que, ao final do ano, esse número supere o registrado em 2015.
Comitiva
Temer estará acompanhado por quatro ministros: das Relações Exteriores, da Justiça, da Defesa e do Desenvolvimento, da Indústria e do Comercio Exterior. Depois de um almoço com o presidente Mauricio Macri, Temer irá ao Paraguai, onde jantará com o presidente Horácio Cartes. Além de serem sócios do Brasil no Mercosul, a Argentina e o Paraguai foram os primeiros países a reconhecer o seu governo. Com Macri e Cartes, Temer deve falar da retomada do crescimento econômico na região e do combate ao narcotráfico e ao contrabando na Tríplice Fronteira.
Outro tema deve ser a Venezuela: os governos brasileiro, argentino e paraguaio se juntaram para impedir que os venezuelanos assumissem a presidência pro-tempore do Mercosul, que é rotativa e segue a ordem alfabética. Eles alegam que o país – o último a aderir ao bloco regional – não cumpriu os requisitos para tornar-se membro pleno, entre eles a incorporação de um protocolo de defesa dos direitos humanos.
O Uruguai, quarto país fundador do Mercosul, manteve posição neutra. O partido de esquerda do presidente Tabaré Vasquez está dividido: metade considera que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe e critica o que considera ser um "avanço" da direita na América do Sul. Mas o governo uruguaio acabou assinando um documento que estende até o dia 1º de dezembro o prazo para que a Venezuela regularize sua situação, se não quiser ser suspensa do Mercosul.
Entrevista
Às vésperas de sua chegada à Argentina, Temer deu uma entrevista aos principais jornais argentinos,. Ele disse que não tem uma "preocupação eleitoral", nem com seu índice de popularidade de apenas 13%.
– Se eu chegar ao final do meu governo com 5% de popularidade, mas tendo conseguido colocar o país nos trilhos, me dou por satisfeito – disse.
Também deixou claro que o mais importante agora é obter o apoio do Congresso para aprovar as medidas econômicas necessárias. Segundo Temer, Macri e ele concordam em muitas questões.
Macri, como Temer, também diz que quer colocar a Argentina nos trilhos, reduzindo a inflação anual de dois dígitos e combatendo a fome. As estatísticas divulgadas recentemente mostram que 32% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza e 6% são indigentes.
Protestos
Brasileiros e simpatizantes da ex-presidente Cristina Kircher (antecessora de Macri) planejam protestos contra a chegada de Temer. Em princípio, iriam se reunir na Praça de Maio – em frente à Casa Rosada (o palácio presidencial). No entanto, ao saber que o encontro será na residência do presidente em Olivos (a 17 quilômetros do centro), um grupo prometeu deslocar-se até lá para se manifestar.