Preso de forma temporária pela Operação Lava-Jato nesta segunda-feira, Antonio Palocci foi um dos ministros mais fortes nos governos de Lula e Dilma Rousseff. De ambos, saiu após ser alvo de acusações de corrupção.
2006: a queda após quebra de sigilo do caseiro Francenildo
Ministro da Fazenda entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula. Titular da pasta entre 2003 e 2006 e influente no governo, Palocci deixou o cargo depois de ser alvo de acusações por quebra ilegal de sigilo bancário e divulgação de dados do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que afirmou ter visto o então ministro frequentando uma mansão onde ocorriam reuniões de lobistas, em Ribeirão Preto. Após o fato, o petista foi eleito deputado federal (PT-SP) em 2006. A denúncia de quebra ilegal de sigilo foi arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009.
2011: saída do ministério por suspeitas de enriquecimento ilícito
Palocci, que havia sido cogitado para a sucessão de Lula na Presidência, atuou como coordenador da campanha de Dilma Rousseff em 2010, e foi escolhido para um papel chave no novo governo: ministro-chefe da Casa Civil. Exerceu o cargo durante cinco meses e sete dias – deixou o Planalto após o Ministério Público Federal (MPF) abrir uma investigação por suposto enriquecimento ilícito através de uma empresa de consultoria do ex-ministro. Em 2010, Palocci teve faturamento bruto de R$ 20 milhões e teria multiplicado o patrimônio em 20 vezes durante quatro anos. Na época, ele negou a existência de irregularidades. A investigação foi arquivada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Fora do governo, Palocci foi investigado novamente em 2011 pelo Ministério Público (MP). O ex-ministro era suspeito pela locação de um apartamento de luxo, em São Paulo, do empresário Gesmo Siqueira dos Santos, que faria parte de uma rede de laranjas. Segundo a denúncia do MP, havia "indícios da possibilidade de sucessivas transferências de domínio e de constituição de pessoa jurídica de fachada para ocultar ou dissimular o real proprietário do imóvel". No entanto, a defesa de Palocci apresentou à Promotoria os documentos referentes à locação e a investigação foi arquivada pela Justiça, acolhendo o pedido do MP.
2015: condenação por improbidade administrativa
Em 2015, Antonio Palocci foi condenado por improbidade administrativa por ato relacionado ao período em que o ex-ministro foi prefeito de Ribeirão Preto, em 2002. Ele teria contratado os serviços de uma gráfica sem licitação. Pela decisão judicial, o petista teve os direitos políticos suspensos por três anos. Palocci também foi multado em R$ 38,7 mil.
Nascido em Ribeirão Preto, Palocci foi vereador do município entre 1988 e 1989. Em seguida, ele exerceu o mandato de deputado estadual de 1990 a 1992. O petista assumiu a Prefeitura de Ribeirão Preto durante dois mandatos, de 1993 a 1996 e de 2001 a 2002. Ele também foi eleito duas vezes como deputado federal, atuando na Câmara de 1999 a 2000 e de 2007 a 2010.