A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura e defensora convicta da presidente afastada Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira que o final de semana será dedicado a planejar a sessão de julgamento do impeachment da próxima segunda-feira. Neste dia, Dilma irá ao Senado para fazer pessoalmente a sua defesa na condição de ré.
No sábado e domingo, senadores aliados da presidente afastada irão ao Palácio da Alvorada para discutir estratégias de manifestação e perguntas a serem feitas.
– Ela (Dilma) está estudando muito. Vamos usar também as nossas perguntas para falar das coisas boas que a gente fez – disse Kátia.
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A senadora indica que haverá a tentativa de valorizar iniciativas da gestão de Dilma, como na área social, embora o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, condutor do julgamento, tenha tentado manter as discussões em torno dos fatos que motivam o impeachment.
Integrantes da defesa, que acompanham o advogado José Eduardo Cardozo no Senado, confirmam que haverá valorização de políticas públicas aplicadas por Dilma, como o Plano Safra, que sofreu atrasos nos repasses, o que teria configurado parte das pedaladas fiscais atribuídas ao governo da petista. A estratégia será colocada em prática casada com aspectos jurídicos. A ideia é transmitir que Dilma se valeu de mecanismos legais, como os decretos de suplementação orçamentárias, para viabilizar relevantes programas de transferência de renda e de fomento da economia.
Durante a sessão desta quinta-feira, primeiro dia do julgamento final de Dilma, Kátia passou alguns instantes conversando ao pé do ouvido com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), também ex-ministro da petista. Na votação de pronúncia, em que foi aprovado o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), Lobão ficou contra Dilma, mas agora ele se declara indeciso.
– Dos 48 que já declararam que votam pelo impeachment, eu estou conversando com cinco. Não tem jogo jogado – afirmou Kátia.
Embora o cenário seja desfavorável, com probabilidade de confirmação do impeachment com mais de 60 votos, os aliados de Dilma escalaram senadores que não são do PT para tentar virar posições. A avaliação é de que nomes como Kátia e Armando Monteiro (PTB-PE) contam com mais trânsito entre os demais parlamentares.
Para o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), qualquer reversão de placar é inviável e o processo é mero cumprimento do rito. Ele afirmou que se reunirá com colegas no domingo para discutir o teor das perguntas que serão feitas na tentativa de encurralar Dilma.
– Também vamos nos dividir por temas – disse Caiado.