Integrantes da corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil (CNB), articulam a condução do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando do partido. Reunida em São Paulo na terça-feira, a executiva nacional da legenda decidiu adiar de dezembro deste ano para março de 2017 o encontro nacional extraordinário, no qual deve ser discutida a abreviação do mandato da atual direção da sigla.
A manobra, encabeçada pela CNB, abre caminho para a chamada "solução Lula" na presidência do partido, hoje comandado por Rui Falcão. A ideia é ganhar tempo para viabilizar a proposta, barrar o avanço das correntes de esquerda que se uniram no movimento Muda PT – que inclui ainda parte expressiva da bancada no Congresso Nacional – e evitar um racha na legenda.
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Segundo dirigentes petistas, Lula está ciente da articulação, mas ainda não disse se aceitaria a indicação. Não é a primeira vez que o nome do líder máximo do PT surge como alternativa para presidir a sigla. Nas outras vezes, ele havia recusado.
Agora, avaliam petistas, a situação é diferente. Acossado pela Operação Lava-Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobrás, Lula poderia exercer a direção partidária independentemente de decisões da Justiça e teria também uma agenda sólida de repactuação do PT e estrutura material para viajar pelo país se preparando para uma possível candidatura à Presidência da República em 2018.
A reunião de terça-feira foi marcada por cobranças. Falcão pediu explicações ao secretário de Formação, Carlos Árabe, da Mensagem, sobre questionamentos feitos na imprensa, e líderes da CNB insinuaram que o objetivo real das críticas da esquerda é preparar o desembarque do partido.
A Mensagem negou e disse que o objetivo da corrente é ganhar o controle do partido. Na terça-feira, o Muda PT distribuiu um texto, depois da reunião, defendendo a manutenção da data do encontro. Líderes da esquerda petista admitem que a "solução Lula" os deixaria na defensiva.
A executiva nacional do PT negou ainda apoio à proposta da presidente afastada Dilma Rousseff de um plebiscito para realização de novas eleições presidenciais. Dilma fez a sugestão na Carta aos Senadores lançada na semana passada. A Mensagem apresentou uma emenda que reproduzia o texto de Dilma, mas obteve apenas dois votos entre 15 integrantes da Executiva que participaram da reunião.
Indagado sobre a divergência entre partido e a presidente afastada sobre o tema, Falcão desconversou.
– A questão está posta por ela. Ela se dispõe, voltando à Presidência, a propor a convocação de um plebiscito. Cabe ao Senado, por maioria simples, convocar um plebiscito – disse ele, que já se manifestou contra a proposta de Dilma.