A bancada do PT no Senado distribuiu em plenário uma nota de solidariedade à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), alvo de uma série de críticas e gestos de constrangimento dos demais parlamentares.
Na sessão de quinta-feira, primeiro dia do julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff, Gleisi afirmou reiteradamente que o Senado "não tem moral para julgar" a petista. A afirmação provocou a ira de outros senadores e Gleisi foi repreendida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
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Alguns parlamentares, como Ana Amélia Lemos (PP-RS), pretendem levar o caso ao Conselho de Ética da Casa. O contragolpe mais contundente foi aplicado na manhã desta sexta-feira, em manifestação de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado.
– Como a senadora pode fazer uma declaração dessa, exatamente uma senadora que há 30 dias o presidente do Senado conseguiu desfazer seu indiciamento e de seu esposo? – disparou Renan, citando investigação contra Gleisi e o marido e ex-ministro Paulo Bernardo, que esteve preso recentemente.
A declaração gerou hostilidades em plenário. A nota da bancada do PT busca prestar apoio político à senadora.
"A bacada do PT no Senado Federal manifesta a sua solidariedade à senadora Gleisi Hoffmann, em razão de declarações feitas, nesta sexta-feira, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, no plenário da Casa. Em nenhum momento, a senadora Gleisi solicitou ou foi beneficiada por qualquer vantagem oriunda da interferência de terceiros no Supremo Tribunal Federal, seja porque jamais aceitaria isso, seja porque aquela Corte não é suscetível a expedientes dessa natureza", diz trecho do texto.
Na sequência, o documento confirma que instrumentos foram protocolados em defesa da petista.
"As intervenções do Senado Federal protocoladas no STF – quais sejam, as reclamações 23.585 e 24.473, das quais a senadora Gleisi é parte – foram institucionais e em defesa de prerrogativas constitucionais de todos os membros desta Casa. À luz do que precede, a bancada do PT lamenta profundamente o episódio ocorrido, que, mesmo fruto da tensão momentânea da discussão, não deve se repetir no diálogo político elevado que pauta este Senado Federal".
Por nota, a assessoria de Renan explicitou o teor das petições protocoladas pela Mesa do Senado no STF . A reclamação 24.473 versa sobre a preservação da imunidade parlamentar, uma referência à interpretação de que a Polícia Federal não poderia ter feito buscas em imóvel do Senado, ocupado por Gleisi, mesmo que o mandado em questão tenha sido expedido contra Paulo Bernardo, ex-ministro e marido da petista. A outra petição, de número 23.585, foi uma tentativa do Senado de desfazer indiciamento de Gleisi pela Polícia Federal pela suposta prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.