A cozinha gourmet do sítio de Atibaia – cuja propriedade é atribuída ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, custou R$ 252 mil, informa laudo da Polícia Federal anexado aos autos da Operação Lava-Jato. Os equipamentos foram instalados em 2014. A execução da obra, diz o documento, "foi acompanhada por arquiteto da empreiteira OAS, sr. Paulo Gordilho, e, segundo suas comunicações, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa".
No capítulo "conclusões" o laudo informa que, em agosto de 2010, mediante contrato particular de compra e venda, o sítio Santa Bárbara foi vendido a Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho "para uso da família do sr. Luiz Inácio Lula da Silva".
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Fernando é filho do sindicalista Jacob Bittar, amigo de Lula. O outro comprador do sítio, Jonas Suassuna, é amigo do filho mais velho do ex-presidente, Fábio Luis.
O laudo diz que, de acordo com a declaração de imposto de renda, Fernando Bittar não teria rendimentos suficientes para bancar os custos da compra e reforma do Santa Bárbara, uma soma de R$ 1,7 milhão.
O documento destacou a "necessidade' de a empreiteira OAS criar centro de custo denominado "Zeca Pagodinho" em uma das empresas do grupo para cuidar da instalação cozinha gourmet do imóvel.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que a empreiteira iria montar dois centros de custos. "Zeca Pagodinho 1" seria referente a despesas ligadas ao sítio. O "Zeca Pagodinho 2" cuidaria de questões relacionadas ao apartamento tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, que também seria do petista, segundo os investigadores.
O documento separou mensagens trocadas entre o executivo Paulo Gordilho, da OAS, e José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, também da empreiteira "sobre a reforma da cozinha em Atibaia e a necessidade de criar um centro de custos na contabilidade da OAS Investimentos, bem como a origem da mão de obra, proveniente da OAS de Salvador".
Um trecho da conversa destacado pela Polícia Federal aponta. "Ok. Vamos começar qdo. Vamos abrir 2 centro de custos: 1º zeca pagodinho (sítio) 2° zeca pagodinho (praia)."
Em outro momento, Paulo Gordilho diz a Léo Pinheiro. "Dr Léo Fernando Bittar aprovou junto Dama os projetos tanto de Guarujá como do sítio. Só cozinha kitchens completa pediram 149 mil ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem. isto mesmo?"
"Dama" seria uma referência à ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher de Lula.
"Importante destacar que reforma executada na cozinha não exigia nenhuma mão de obra altamente qualificada que justificasse vinda de uma equipe específica de Salvador, ainda mais considerando proximidade de Atibaia/SP São Paulo/SP. Esse deslocamento de uma equipe de profissionais notadamente dispendioso e pouco produtivo, carecendo de justificativa técnica e econômica para tanto", afirma o documento.
O laudo destaca ainda na comunicação entre Léo Pinheiro e Paulo Gordilho "que Fernando Bittar teria obtido autorização junto "dama" para aprovação do projeto".
"Os peritos apontam para evidências substanciais que cozinha gourmet foi reformada e instalada entre o período aproximado de março e junho de 2014, tendo sido acompanhada por arquiteto da OAS, sob comando de Léo Pinheiro e, segundo consta nas comunicações do arquiteto da Construtora, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa", diz o laudo.
Segundo o Instituto Lula, "o ex-presidente reafirma que não é o proprietário do sítio, que é, conforme está na sua escritura, de Fernando Bittar". "Lula também não é dono de apartamento no Guarujá ou em qualquer outro lugar do litoral brasileiro".