No dia em que confirmou que não irá participar de interrogatório na Comissão Especial do Impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff recebeu representantes da Frente Brasil de Juristas pela Democracia, no Palácio da Alvorada, e disse estar aberta a qualquer proposta para derrubar "o golpe em curso" dado pelo governo em exercício Michel Temer. Dilma pediu ainda que os especialistas façam algum tipo de integração com o Senado, que é o responsável pelo processo de impeachment.
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Dilma disse que, "nessa guerra" para matar o "parasita", "todas as propostas do campo democrático são legítimas". "Temos de estar abertos para qualquer proposta, seja plebiscito, eleições gerais, eleição presidencial. E tem de tentar unificar. O que não é possível é a proposta de eleição indireta que virá".
Ao exaltar o apoio de juristas, Dilma disse que a reunião "era uma grande conquista" e que apesar de achar que não precisaria de um "golpe" para aprender "uma porção de coisas" era preciso aproveitar a unidade do grupo em defesa da democracia.
– Já que deram (o golpe) é hora de a gente ser capaz de construir essa frente e usá-la para criar a unidade entre nós – disse.
Segundo Dilma, "uma parte dessa briga é lá no Senado".
– E essa briga no Senado tem regras próprias. Acho que a gente tem de ser capaz de fazer uma interação de vocês com o Senado – afirmou.
A presidente afastada fez uma defesa do governo do PT em 13 anos, citou as conquistas sociais e reforçou que "até agora" o governo Temer ainda não tem medidas irreversíveis. "Mas o estrago deles em dois meses faz a gente temer", disse.Dilma citou a "chantagem" do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, hoje afastado, e disse que o processo de impeachment mostra a "tentação do parlamentarismo" e que o "golpe é um processo de eleição indireta".
– O parlamento brasileiro é mais suscetível ao poder do dinheiro, na eleição presidencial a cena política fica mais aberta – afirmou, ressaltando que diante da crise econômica "sempre aparece um conflito distributivo".
Dilma afirmou ainda que a PEC que limita o teto dos gastos públicos afeta "a questão distributiva no seu coração".
– Nós somos obrigados, a União, a gastar 18% em educação. Ano passado gastamos 18% mais R$ 54 bilhões. Ninguém, a não ser com o nível de privatização de educação monstruoso, conseguirá esse processo em 20 anos – explicou.
*Estadão Conteúdo