Após um ano e meio preso, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró deixou a prisão por volta das 8h40min desta sexta-feira para cumprir o restante da pena em casa. Figura emblemática da Operação Lava-Jato, condenado em dois processos penais e alvo de outras frentes do escândalo Petrobras, Cerveró colocou tornozeleira eletrônica no dia anterior e deixou Curitiba rumo a Itaipava, no Rio de Janeiro, onde deve ficar com a família.
O benefício de prisão domiciliar foi obtido graças ao acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), e homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
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Ao G1, o advogado Igor Arthur Rayzel disse que Cerveró está aliviado com o novo regime prisional, mas que tem consciência que a progressão não significa a liberdade.
– Ele está muito tranquilo e, apesar disso, as colaborações continuam e os processos também – relatou Rayzel.
A mudança de regime prisional faz parte do acordo de delação premiada fechado em novembro de 2015 com o Ministério Público Federal. Nele, o ex-diretor citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Junto com o filho, gravou o líder do governo no Senado, Delcídio, tentando comprar seu silêncio – e deu início ao fim do governo Dilma Rousseff.
Um ano e meio atrás, quando chegava de Londres, Cerveró foi preso pela Polícia Federal, alvo da 8ª fase da Lava-Jato. Acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e participação na organização criminosa que desviou mais de R$ 20 bilhões da Petrobras e patrocinou partidos e campanhas da base aliada e da oposição, desde 2004, ele chegou a passar as festas de fim de ano em casa, e voltou para a carceragem da Federal, em Curitiba.
Condenado em dois processos julgados pelo juiz federal Sérgio Moro, da Lava-Jato, em Curitiba, Cerveró é alvo ainda de outra ação penal e inquéritos. Pelo acordo de delação premiada, fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) – dos processos envolvendo políticos com foro especial –, suas penas não podem ultrapassar os 25 anos.
*ZH com agências