Surpreendida pela prisão de Paulo Bernardo, que ocorreu na manhã desta quinta-feira em um desdobramento da Lava Jato, a advogada do ex-ministro, Verônica Sterman, afirmou que ainda desconhece as razões da medida tomada pela Polícia Federal. Em entrevista à Radio Gaúcha, afirmou que Bernardo sempre se colocou à disposição das autoridades para esclarecimentos sobre o inquérito que apura contratos de R$ 100 milhões do Ministério do Planejamento.
– O inquérito foi instaurado há quase um ano e não teve qualquer diligência mesmo o ex-ministro tendo se colocado à disposição. Ainda não tivemos acesso a esta decisão judicial, mas de antemão dizemos que os fundamentos desta decisão provavelmente não preenchem os requisitos autorizadores do decreto prisional.
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Segundo as investigações, a operação apura o "pagamento de propina proveniente de contratos de prestação de serviços de informática entre os anos de 2010 e 2015 a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão". De acordo com a apuração, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência por meio de outros contratos fictícios.
Conforme Sterman, não houve qualquer tipo de contrato público por parte do ministério, mas sim um acordo de cooperação técnica que não envolveu gastos de valores por parte do órgão:
– Essa situação me causa estranheza. Em primeiro lugar, não houve contrato, mas sim um acordo de cooperação técnica. Além disso, o ministro não tinha responsabilidade nenhuma sobre o acordo. Não houve serviço pago e, se houve, o ministério não fez parte disso – destacou.
A advogada afirmou ainda que o ex-ministro deve ser levado a São Paulo ainda durante esta quinta-feira.