O PT divulgou na noite desta terça-feira duas resoluções do partido após reunião de seu Diretório Nacional, ocorrida à tarde, em Brasília. Uma das resoluções trata do cenário político atual, no qual Dilma Rousseff responde a um processo de impeachment e está afastada do governo; e com o PT, de volta à oposição, não tendo reunido força suficiente para deter o processo.
Além de criticar a postura do PMDB e do presidente interino Michel Temer, a quem acusam de dar um "golpe" político em Dilma para assumir o poder, o partido disse que cometeu falhas durante os cerca de 13 anos de governos petistas. Um desses erros, segundo a legenda, foi se deixar "contaminar" pelo financiamento empresarial de campanha e o que chamam de "prática dos partidos tradicionais", sem citar diretamente o envolvimento de petistas em esquemas de corrupção.
Leia mais:
As estratégias de Temer e Dilma no impeachment
Não apoiaremos candidatos a favor do impeachment, diz Rui Falcão
Presidente da comissão diz que Senado deve votar impeachment em setembro
"Fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos. Preservada essa condição, mesmo após nossa vitória eleitoral de 2002, terminamos envolvidos em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita", diz um trecho resolução.
Movimentos sociais
O PT também disse não ter priorizado as alianças com movimentos sociais e o que chama de "partidos populares". O partido se disse "refém de acordos táticos" para conseguir administrar o país:
"Tampouco nos dedicamos, com a devida atenção e perseverança, a costurar uma aliança estratégica entre os partidos populares e os movimentos sociais, que pudesse ampliar o peso institucional da esquerda. Acabamos reféns de acordos táticos, imperiosos para o manejo do Estado, mas que resultaram num baixo e pouco enraizamento das forças progressistas", afirmou no documento.
A segunda resolução diz respeito às eleições municipais de 2016. Nela, o partido se compromete a não fazer aliança com políticos que apoiaram a abertura do processo de impeachment de Dilma ou mesmo tenham votado nesse sentido no Congresso Nacional.
O Diretório Nacional determinou que as alianças eleitorais nos municípios só poderão ser confirmadas na Justiça Federal após aprovação das direções estaduais. No caso de "cidades prioritárias", a confirmação será dada pela direção nacional.
Após a reunião, mas antes da divulgação oficial das resoluções, o presidente do partido, Rui Falcão, concedeu entrevista coletiva e disse que o PT vai priorizar alianças com partidos de esquerda como o PCdoB e PDT, justamente os que se opuseram ao impeachment de Dilma. Alianças com outros partidos, como o próprio PMDB, no entanto, não estão descartadas.
– O PMDB é um partido enorme, teve uma participação na luta democrática no passado. Certamente que, Brasil afora, deve ter pessoas confiáveis (no PMDB). Se alguém do PMDB quiser participar conosco e não tenha apoiado o impeachment, priorize programas sociais e combata a corrupção, não vejo problema nenhum – disse Rui Falcão.