O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal deflagraram, nesta terça-feira, a Operação Hipócritas, que aponta fraudes em perícias médicas em São Paulo e Campinas. De acordo com o MPF, que realizou as investigações a partir de denúncia do Sindicato dos Metalúrgicos, o esquema para beneficiar empresas na Justiça do Trabalho atinge, no mínimo, 20 cidades paulistas e mais de 40 pessoas são investigadas.
A Operação Hipócritas, cujo nome é uma alusão ao juramento de Hipócrates, feito por todos os médicos ao se formarem – no qual prometem exercer a medicina de maneira honesta –, cumpre três mandados de prisão preventiva, 40 de condução coercitiva e 52 de busca e apreensão. De acordo com o Ministério Público, o esquema de corrupção de médicos peritos judiciais funciona, pelo menos, desde 2010 e foi detectado tanto em processos que tramitam nas varas do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, sediado em Campinas, como no da 2ª Região, localizado em São Paulo.
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De acordo com o procurador da República Fausto Kozo Kosaka, que coordena a investigação, "a atual sistemática de atuação e de remuneração de peritos na Justiça do Trabalho estabelece um cenário que prejudica a imparcialidade dos laudos periciais e fomenta a prática de delitos como os investigados nesta operação". Isso porque o profissional que atua como perito judicial pode também atuar como assistente técnico nomeado por uma das partes do processo, desde que em órgãos judiciários e processos distintos. Mesmo assim, Kosaka avalia que essa mescla de tarefas facilita o esquema de corrupção e prejudica a imparcialidade do perito.
O Ministério Público informa que as empresas suspeitas de serem beneficiadas com o esquema poderão colaborar com as investigações. O mesmo pode ser feito por aquelas que foram procuradas por advogados ou médicos interessados em mediar propinas para os peritos, mas que não aceitaram as propostas.
*Estadão Conteúdo