O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, disse que "o Brasil passa por uma grave crise ética". Para ele, "o momento é complexo porque, junto com os graves problemas que afligem o país, surge oportunidade única de colocar o Brasil em rumos certos".
Lamachia demonstrou perplexidade ante os áudios de diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney (1985/1990) e o senador Renan Calheiros (PMDB/AL), divulgados com exclusividade pela repórter Camila Bonfim, da TV Globo.
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Os áudios revelam preocupação de Renan, Sarney e Machado com os desdobramentos da Operação Lava-Jato. Em um diálogo, o presidente do Senado ataca o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem chama de "mau caráter".
– Nos últimos anos, a sociedade começou a ver pessoas poderosas começarem a pagar pelos crimes que cometeram – comentou Lamachia.
– Agora, com a Lava-Jato, nota-se um processo de investigação de desvios que ainda comprometem o sucesso do país – acrescentou.
O presidente da OAB considera que "a noção de impunidade parece estar ameaçada e, por isso, algumas pessoas podem estar incomodadas".
– Mas a lei deve valer para todos, seja quem for, não importa o cargo ou função que exerça nem a classe social. Temos que caminhar rumo a aplicação dessa regra: todos são iguais perante a lei – avaliou.
Lamachia disse ainda que a OAB "cobra que as investigações sejam conduzidas dentro do que a lei permite, sem que as autoridades cometam abusos ou violem os direitos das pessoas que são investigadas".
– É preciso garantir o acesso à ampla defesa e ao devido processo legal. Grampos em conversas entre advogados e seus clientes são inadmissíveis em um Estado Democrático de Direito. É preciso combater o crime com meios lícitos. Combater o crime praticando outros crimes só vai resultar no desperdício da chance que o Brasil tem de mudar para melhor – finalizou.