A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar que está sendo vítima de um golpe e que não há razão para ela sofrer um impeachment. Em entrevista à rede de televisão venezuelana Telesur, Dilma disse que há dois anos é investigada e que nada contra ela foi provado até agora.
– Podem continuar me investigando –, declarou.
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Boa parte da entrevista foi usada por Dilma para explicar os argumentos por trás do processo de impeachment, que são as chamadas pedaladas fiscais. A presidente disse que se trata de uma questão orçamentária.
– O orçamento não é base para afastar um presidente da condição de chefe do Executivo –, defendeu-se.
– Não há base jurídica para o impeachment –, acrescentou.
Segundo Dilma, no parlamentarismo é possível afastar um presidente por questões políticas, por falta de confiança, mas "no presidencialismo isso não existe".
– Me sinto injustiçada –, afirmou a presidente, completando em seguida que no presidencialismo "não há lugar para juízo político".
Na visão de Dilma, o momento vivido agora pela política no Brasil tem raízes nas eleições presidenciais de 2014.
– Desde o princípio do meu mandato a oposição ficou infeliz por ter perdido –, disse, afirmando que, como resultado, os oposicionistas vêm tentando alcançar o governo por outras vias além da eleitoral.
Perguntada sobre os movimentos que vêm sendo feitos pelo vice-presidente Michel Temer para preparar um novo governo caso seja realmente afastada, a presidente disse que enxerga ilegitimidade.
– O programa de governo que ele pretende implementar é o que foi derrotado nas urnas. Ele só é vice-presidente porque nós derrotamos esse plano nas urnas em 2014 –, declarou.
Dilma também foi questionada sobre a inclusão da atual crise política do Brasil no contexto da América Latina, onde outros governos considerados de esquerda também têm sofrido pressão. A presidente afirmou que o continente tem visto golpes contra processos de inclusão social e relacionou o momento de fragilidade desses governos à crise econômica gerada dentro do capitalismo, em 2008.
– Essa crise começou nos países desenvolvidos –, disse.
A presidente também foi perguntada sobre a participação das empresas de comunicação na crise política brasileira e afirmou que o problema no Brasil é que e a imprensa é oligopolizada.
Dilma reforçou acreditar que o impeachment não será consumado.
– Minha expectativa é de que o golpe não se consuma. Aceitamos a democracia e as regras dela. Vamos lutar dentro dessas regras –, finalizou.