Desde a nomeação dos novos ministros, na última quinta-feira, o presidente interino Michel Temer vem recebendo críticas pela composição das pastas. Isso porque os ocupantes dos 23 ministérios são, em sua totalidade, homens brancos – o que não acontecida desde o governo de Itamar Franco, em 1992.
Se comparado a outros 190 países, o Brasil aparece na centésima posição no ranking de presença feminina em ministérios, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Na própria ONU, as mulheres ocupam três das 15 presidências das agências especializadas – Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Até mesmo na Fifa, uma entidade tradicionalmente masculina, as mulheres conquistaram espaço. Na sexta-feira, a Federação Internacional de Futebol nomeou a senegalesa Fatma Samoura como secretária-geral – cargo responsável pela organização da Copa do Mundo. Fatma é diplomata das Nações Unidas e a primeira mulher a ocupar essa posição na organização desportiva. Ela substitui o francês Jerome Valcke, envolvido no escândalo de corrupção.
Ainda falando em instituições mundiais, o Federal Reserve (Fed), ou Banco Central dos Estados Unidos, tem, em sua presidência, Janet Yellen. Ela foi empossada em 2014 e é a primeira mulher a assumir o cargo. Quatro secretarias do país – equivalentes a ministérios – são de responsabilidade feminina.
O primeiro escalão brasileiro também contrasta com o de vizinhos da América Latina. Na Argentina, por exemplo, dos 20 ministeriáveis, três são mulheres. No Chile, a situação é ainda mais equilibrada. O país conta com uma presidente, Michelle Bachelet, e oito ministras entre 23 pastas.
Entre os membros do G8 – grupo dos países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo –, a presença de mulheres em ministérios é unânime e há, inclusive, figuras femininas emblemáticas como Angela Merkel, atual chanceler da Alemanha.
O Canadá, também do G8, é um bom exemplo de igualdade de gêneros: entre os 31 membros do primeiro escalão do governo (primeiro-ministro e conselho de 30 ministros), 15 são mulheres.
Veja abaixo a representatividade feminina pelo mundo:
Polêmica
A falta de representatividade feminina nos cargos de primeiro escalão do Brasil foi motivo de manifestações, principalmente após a entrevista coletiva concedida pelo ministro Eliseu Padilha.
– A composição de ministérios foi feita a partir de sugestão de partidos. Em várias funções nós tentamos buscar mulheres, mas não foi possível – explicou o chefe da Casa Civil.
Em depoimento ao Fantástico, na noite de domingo, o atual líder do Executivo tratou de minimizar o assunto, alegando que outros cargos de destaque do governo serão destinados a figuras femininas.
– Um dos cargos mais importantes é a chefia de gabinete da presidência, ocupada por uma mulher – afirmou Temer, referindo-se à assessora Nara de Deus. – Há pessoas que se seduzem com a história de ser ministro ou não. O rótulo ministro não vai fazer com que a pessoa aja bem ou não – defendeu.
O presidente interino disse que quer indicar mulheres para atuar nas áreas de cultura, ciências, tecnologia e igualdade racial. Já na terça-feira, Temer começou a cumprir sua promessa e escolheu a executiva Maria Silvia Bastos Marques para comandar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em substituição a Luciano Coutinho.
*Zero Hora