A delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado vai além das gravações de conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR), segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta quinta-feira. Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR), Machado teria mencionado a arrecadação de dinheiro de origem ilegal para políticos aliados – entre eles Renan, Jucá e Sarney –, conforme uma fonte que acompanha o caso.
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou, na noite de terça-feira, a delação premiada do ex-presidente da Transpetro. Com isso, as declarações passaram a ter valor jurídico. A partir daí, a delação poderá resultar em novos inquéritos abertos pela PGR com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Leia mais
Gravações inéditas sugerem articulação de Sarney e Renan contra Lava-Jato
Veja trechos da conversa entre Renan Calheiros e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado
Veja trechos da conversa entre José Sarney e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado
Ex-senador pelo PSDB, Machado foi presidente da Transpetro de 2003 até o início do ano passado. A empresa é a maior processadora de gás natural e também atua no transporte de combustível no país. A arrecadação ilegal para políticos detalhada por Machado estaria ligada a fornecedores da companhia.
A reportagem de O Globo salienta que ainda não foi possível esclarecer se o ex-presidente da empresa falou sobre arrecadação para campanha ou para benefício pessoal de personagens citados por ele. Na série de depoimentos, Machado se dispôs a esmiuçar detalhes de ilegalidades ocorridas no período em que comandou a estatal sob a proteção de um grupo de políticos do Senado, entre eles alguns dos principais nomes do PMDB. De acordo com o jornal, o executivo respondeu a todas as perguntas diante de investigadores da PGR.
Machado teria decidido realizar a delação no início do ano. Segundo O Globo, à época, descobriu que um empresário de uma empreiteira apontou uma conta usada por ele para movimentar dinheiro ilegal. A partir daí, o ex-presidente da Transpetro teria passado a gravar conversas e recolher provas de irregularidades de que teve conhecimento.
Procurada pelo jornal, a assessoria de imprensa de Renan afirmou que o senador não faria comentários até conhecer o conteúdo da delação de Machado. A assessoria de Jucá, por sua vez, disse que o senador “nunca autorizou ninguém a falar em nome dele sobre arrecadação de recursos para campanha”. Além disso, O Globo tentou falar com a assessoria de Sarney, mas não teve sucesso.