Cerca de 50 pessoas realizaram na manhã deste domingo um ato contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), na frente de sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ligado ao movimento estudantil Levante Popular da Juventude, grupo carregava faixas e cartazes contra o parlamentar e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes criticaram o discurso do parlamentar na votação do impeachment, no último domingo, em que Bolsonaro homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador na ditadura militar.
Os manifestantes picharam a rua com a frase "bolsonaro golpista", mesma frase escrita em uma faixa erguida pelo grupo. Nos cartazes, as caricaturas representavam Jair Bolsonaro com o símbolo da suástica, utilizado por grupos nazistas. Com carros de som e instrumentos musicais, o grupo também encenou o discurso do parlamentar, caracterizado como o líder nazista Adolf Hitler.
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– Estamos aqui contra o discurso de ódio fascista. Sabemos que ele é o que há de mais podre na política brasileira, a ponta de lança do fascismo. Não vamos nos calar – afirmou a manifestante Isis Araújo, em vídeo publicado na página do movimento estudantil na internet.
Os manifestantes marcharam pela orla em frente ao condomínio do parlamentar, chamado de "Bolsomonstro", "rato" e "golpista", em referência ao seu apoio ao impedimento da presidente.
Em seu perfil no Facebook, o deputado se manifestou sobre o movimento em frente à sua casa. "Meu condomínio está cercado por simpatizantes do PT. Estão ameaçando invadi-lo. Espero que não cometam essa loucura", escreveu Bolsonaro.
"Minha propriedade privada é sagrada. Se um dia invadirem, NÃO SAIRÃO!", ameaçou o parlamentar em outra publicação.
Durante a votação do impeachment, no último domingo, Bolsonaro declarou voto pela "memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff".
A conduta do parlamentar na votação é alvo de questionamentos da OAB junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) por violação dos direitos humanos. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal.
Ustra chefiou o Doi-Codi de São Paulo entre os anos de 1971 e 1974. O órgão era responsável pela repressão a militantes contrários à ditadura militar. Morto em 2015, Ustra foi o primeiro militar a responder um processo de tortura durante a ditadura. Ele é apontado como torturador da presidente Dilma, que na época militava em organizações clandestinas.
O grupo Levante Popular pela Juventude é o movimento que realiza, desde a quinta-feira, atos contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Os atos, conhecidos como escracho, visam ao constrangimento dos políticos favoráveis ao processo de impeachment e à ditadura.
Os manifestantes realizaram o ato em frente à casa de Temer, em São Paulo, na quinta-feira. Em reação ao protesto, o vice-presidente antecipou a viagem de volta à Brasília – Temer saiu do local agachado no carro para evitar abordagens. No dia seguinte, entretanto, cerca de 150 manifestantes realizaram novo ato no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, em Brasília. No local, os ativistas alteraram placas de sinalização com faixas com a inscrição "QG do golpe".
* Estadão Conteúdo