Se fosse um casal, eu diria que o PMDB está saindo de casa para ficar com tudo nos próximos meses, a moradia, o carro e até o cachorro. Quais as justificativas para abandonar o PT, sócio nos últimos 13 anos? A roubalheira, os escândalos e as descobertas da Lava Jato aparecem nas desculpas oficiais. Mas o PMDB quer mesmo é a faixa da presidente da República. Os caciques peemedebistas agem como se não fossem parceiros nos desvios dos cofres da Petrobras.
PMDB decide hoje sobre rompimento com o governo Dilma
O vice-presidente Michel Temer é citado na delação premiada do senador Delcídio do Amaral. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, está todo enrolado e já virou réu no Supremo Tribunal Federal. O presidente do Senado, Renan Calheiros, responde a nove inquéritos no STF. Sem contar outros deputados e senadores investigados. A operação Lava Jato aponta que PT, PMDB e PP foram os maiores beneficiados com a propina na Petrobras. O dinheiro irrigou campanhas eleitorais e beneficiou políticos da base governista. Agora os dois aliados abandonarão a barca petista.
Com a saída, o PMDB quer fazer acreditar que estava no governo sem participar dos negócios podres. Para conseguir a tal governabilidade, o PT comprou apoio. Levou agora a rasteira do aliado de ontem, que quer ficar com tudo amanhã.
Não concordo com o discurso de golpe, que mistura as coisas, como se fossem trocar democracia por ditadura. Na verdade, é a troca do governo de um partido afundado na corrupção por outro envolvido até o pescoço há muito tempo. O que muda? Melhor seria o julgamento do TSE, que poderia resultar em nova eleição.
O PMDB se aproveita dos protestos de rua, que querem a saída da presidente Dilma Rousseff. Não acredito que quem luta contra a corrupção concorda com os peemedebistas herdando o governo. Se Dilma sair, Temer deveria ter o mesmo caminho. O Brasil precisa de uma Constituinte exclusiva para reforma política. Com novas regras, que mais pessoas de bem entrem para a vida pública.
A operação Lava Jato deve e vai continuar colocando na prisão corruptos e corruptores. Mas é fundamental também a oxigenação na política e novas práticas.