Os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart foram recebidos em Brasília, na tarde desta quinta-feira (14), com honras militares pela presidente Dilma Rousseff. O corpo de Jango, como era conhecido, começou a ser exumado ontem, em São Borja, e será submetido a perícia da Polícia Federal. A exumação faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte de João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor também acompanharam a cerimônia. Fernando Henrique Cardoso, que se recupera de uma diverticulite, não pode participar da homenagem.
A urna com os restos mortais do ex-presidente deixou São Borja às 7h41. O processo de exumação começou na manhã de quarta-feira e durou cerca de 19 horas. Os trabalhos foram encerrados às 2h24min, quando a urna com o caixão de Jango foi retirada do cemitério Jardim da Paz coberta pelas bandeiras do Brasil e de São Borja.
Exumação
A exumação é parte do processo que busca esclarecer as suspeitas que rondam a morte do ex-presidente, que faleceu no exílio na Argentina há quase 37 anos, depois de ser deposto da presidência no golpe militar de 1964. A versão oficial dá conta de que ele sofreu um ataque cardíaco, mas a família suspeita que ele tenha sido envenenado por agentes da repressão organizados através da Operação Condor, que envolveu os governos militares de Brasil, Argentina e Uruguai nas décadas de 60 e 70.
O Ministério Público Federal investiga o caso desde 2007. Com autorização da família, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) decidiu fazer a exumação neste ano, na tentativa de acabar com o mistério.
O processo foi acompanhado por familiares de Goulart, além de representantes da CNV, Instituto de Criminalística e observadores internacionais. O governador do Estado, Tarso Genro, e os ministros Maria do Rosário e José Eduardo Cardozo também seguiram os trabalhos em São Borja.